sábado, 24 de dezembro de 2011

Paula Vs. Sandy

Natal de 2011. Já fez um ano da aparição de sucesso da cantora Paula Fernandes no show de Roberto Carlos na praia de Copacabana, transmitido, ao vivo, pela rede Globo. Isso foi em dezembro de 2010. À época, escrevi aqui neste Blog, sobre o custo daquela exposição bem sucedida para os promotores do espetáculo do “Rei”. Mas quem quer que tenha conseguido aquela cunha no show, sabia o que estava fazendo.
Paula Fernandes foi a artista do mundo dos sertanejos (há quem diga, e não são poucos, que ela não é do estilo sertanejo de verdade) que mais vendeu discos em 2011. Depois de Luan Santana ela foi a mais solicitada na agenda de shows pelo país. No mês de outubro ela estava em primeiro lugar nas paradas de Portugal e foi a que mais vendeu CDs, ficando em segundo lugar na venda de DVDs. Mas porque volto a Paula Fernandes?
Voltemos mais. Em 2005, procurei amigos como Francisco Alberto Madia e Alberto Quartim de Moraes com um projeto editorial de biografia autorizada da dupla Sandy e Júnior. À época eles continuavam juntos num lance de sobrevida para artistas mirim cuja vida útil, regra geral, vai até os dezenove anos. Sandy já tinha então vinte e dois anos. Minha idéia era contar a trajetória da dupla debaixo das asas de seus pais e a fortuna próxima a trinta milhões de dólares que cada um acumulava então. Ao tempo em que pretendia mostrar suas vidas, questionaria esse sucesso na perspectiva do trabalho infantil e o quanto isso poderia ter afetado positiva ou negativamente esses atores do showbiz. No meio da prospecção que eu fazia, alguém me alertou para o fato de que, se eles quisessem de fato uma biografia poderiam ter alguém famoso escrevendo, ou assinando, um livro que contasse a sua história. Desisti.
Mas hoje, olhando esse mercado, minha tese é a de que Sandy não aproveitou bem a sua onda de sucesso. Melhor dizendo, não focou um público para sua carreira solo, se é que isso ainda lhe importa nessa “trilha Cely Capello”, na qual ela se casa e vai deixando de lado a carreira artística. Ela pode. Tem dinheiro e trabalhou honestamente para amealhar. Mas, do ponto de vista de sua carreira, qual é mesmo o foco? Sandy já apareceu cantando de tudo e lançou um disco solo pouco definido. É mais conhecida por seu comportamento “virgem” do que por sua interpretação.
Já Paula Fernandes é um fenômeno interessante. Catapultada no show de Roberto Carlos ela não parou mais. Faz em média três shows por semana, mostra um corpo torneado e pernas bonitas (também foi considerada uma das mais mal vestidas do ano) e agrada seu público sem os pulos do pessoal do axé e sem pagode. Ela se apresenta com cenários e um clima de Nashville, tem a voz entre romântica e sensual, não abre mão do violão para seu braço canhoto e declara-se solteira sem aparecer nas revistas de celebridades aos beijos com outros personagens de seu universo. Segue focada em sua carreira e tem uma imagem responsável.
Se tirarmos as duas primeiras frases do período anterior, poderíamos dizer que o comentário diz respeito á carreira de Sandy. Mas é diferente, e para melhor. Fernandes demonstra mais firmeza profissional e parece melhor definir seu próprio destino. A diferença está no DNA. Enquanto Sandy e seu irmão foram absolutamente monitorados desde os quatro anos de idade, Paula teve que começar ralando. Enquanto a beleza de Sandy é distante e apagada, a de Paula Fernandes é presente, sem ser agressiva, e sensual. Para todos os gostos.
Finalmente, como vimos, Fernandes tem seu público definido e pode ampliá-lo, enquanto Sandy ainda segue tateando na grande arena do showbiz.
Do ponto de vista do posicionamento dos produtos e serviços, sabemos que a definição dos atributos ajuda a melhor definir o público alvo e as estratégias para conquistá-lo. Sandy parece ter muitos atributos. Resta saber se eles são claros para o público que ela almeja.
Para arrematar essa matéria, li nos jornais que Paula Fernandes vai substituir Sandy na propaganda da cerveja Devassa. Quer mais sintomático do que isso?
Feliz 2012!

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Sinais dos tempos

A American Airlines pediu concordata. É assim. Outro dia o nosso paradigma hoteleiro dos anos 1970, o Maksoud, foi leiloado. Parece ser um sinal dos tempos nos negócios da hospitalidade e do turismo. Há vinte anos passados foi a vez da Pan American World Airways, mais conhecida como Pan Am. A Pan Am, fez em 1927 um vôo inaugural entre Key West e Havana, em Cuba. Uma ironia. Hoje, depois de muitas ações e reações quase heróicas ou de má administração, a depender de quem fala, a marca Pan Am está limitada a uma oficina de reparos em Portsmouth, New Hampshire e tenta resgatar sua marca para negociá-la em diferentes produtos.
Já a American Airlines, AA, que aportou no Brasil na esteira da falência total da Pan Am, está numa fase intermediária: pediu concordata voluntariamente e não pretende parar com os seus serviços. Mas é triste, de qualquer forma, ver grandes empresas que tiveram grandes períodos empregando muitas pessoas e aproximando outras tantas, correr o risco de parar. Enquanto a Pan Am, numa situação parecida com a Varig, começou a despencar com a desregulamentação da aviação civil nos EUA, a AA, começou a enfrentar problemas a partir do atentado de 11/9/01.
Nos primeiros três anos após a tragédia no World Trade Center, a aviação do mundo sentiu na pele o medo da sociedade em relação ao terrorismo. A demanda caiu e mesmo quando a suposta normalidade voltou, a situação nunca mais foi a mesma. A baixa demanda, a concorrência interna e externa e, sobretudo o preço dos combustíveis, foram fatores que iniciaram a corrosão da AA pelas bordas. E então chegaram à concordata. Mas não se trata de um gigante fácil de ser abatido. A empresa atua em mais de 260 aeroportos em 50 países e faz cerca de 3.300 vôos diários.
Lembro-me que no começo dos anos 1990, indo para os EUA e viajando lá dentro, eu achava imbatível aquela companhia. E a American Eagle? É a empresa regional da AA que, operando com aeronaves menores, atende as cidades do interior do país. Eu achei aquilo, lá dentro, muito bom e organizado. Eram melhores do que a US Air. Uma potência enfim. Mas, nem três anos completos depois, quando o Plano Real fez crescer a demanda de brasileiros para os EUA, a AA mostrou sua face para os latinos. Os aparelhos escalados para o Brasil e outros países da AL não eram os mais conservados da empresa. Não era incomum, da mesma forma, nas rotas para os países abaixo do Equador, que passageiros ficassem enjaulados dentro das aeronaves a espera de tripulação que estava atrasada ou qualquer outra razão de ordem interna da companhia. Não era, em suma, um padrão de sonho da 5ª Avenida. Como será o desempenho da empresa, nesses países, em sua fase concordatária?
Outro tema que merece uma reflexão é a navegação de cabotagem e suas pirâmides flutuantes que carregam a classe média brasileira em pacotes de quatro dias nos verões brasileiros. Lá no começo dos anos 1990, muitos hoteleiros e municípios se manifestavam contra a aprovação desse tipo de navegação com medo da queda da demanda nos hotéis e nas praias das estâncias balneárias. Tudo bobagem.
O que nos ameaça hoje são dois fatores: a carga turística nos pontos de parada desses navios e os supostos descuidos sanitários gerados pelo baixo custo dos pacotes em águas brasileiras. Um assunto para outra postagem.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Real Estate Investiments X romantismo

No mesmo dia em que a imprensa divulgou o lançamento de mais uma bandeira da marca hoteleira Atlantica, a InnStyle, em parceria com o empresário Carlos Gerdau Johannpeter, divulgou também a possibilidade do leilão judicial do prédio do hotel Maksoud Plaza. Nada mais emblemático na grande mudança de paradigma nos investimentos em hotelaria no Brasil.
Construído nos anos 1970 pelo empresário Henry Maksoud, o Maksoud Plaza foi um marco na moderna hotelaria do país. Dono da construtora Hidroservice, Maksoud fez um hotel com alta tecnologia para a época, dotado de padrões construtivos que, por exemplo, vedavam muito bem os ruídos do exterior, e que permitiam privacidade e sossego para os hóspedes numa pirâmide de corredores com vista para um grande atrium. Foi um sucesso de comentários entre os hoteleiros o fato de Henry equipar seu hotel com o aparelho telefônico que tinha alarme de luz vermelha para indicar ao hóspede que havia recado para ele. Nenhum hotel tinha esse equipamento no Brasil.
Para além dos equipamentos, a gestão do hotel foi muito ativa e com grande presença na mídia. Roberto Maksoud, o filho, fez funcionar um cine clube que, na realidade, antecipava lançamentos dos EUA nas telas brasileiras e em algumas ocasiões trouxe grandes astros de Hollywood para falar com os privilegiados daquele clube privé. Mais privé ainda foi show de Frank Sinatra em agosto de 1981, com direito a orquestra regida por Don Costa e lagosta no cardápio. Foi um show especial, fechado, para uma elite da época que incluiu Roberto Carlos e sua então esposa, Myriam Rios.
Pelo espírito empreendedor e sua coragem para investir, Henry Maksoud não merecia sofrer o desprazer de ver sua torre leiloada para pagar dívidas trabalhistas. Mas esse fato é emblemático para cerrar o ciclo dos grandes empreendimentos de uma hotelaria familiar.
À época do Maksoud, a Avenida Paulista era o centro financeiro de São Paulo. No ano 2011, a exploração imobiliária levou esse centro para a região da Avenida Berrini e os hotéis têm outra configuração no Real Estate Investiments brasileiro. Nesse cenário está a Atlantica Hotels que já tem hoje 78 hotéis no país, majoritariamente formados por pequenos investidores que acreditam na marca e são condôminos em diferentes bandeiras.
A Atlantica pretende lançar quatro hotéis dessa sua nova bandeira InnStyle até 2013. Trata-se, de acordo com matéria do Valor Econômico, de investimento voltado para o público jovem e com processos construtivos modernos de baixo custo e curto tempo de construção que resultarão num padrão entre três e quatro estrelas.
O Brasil ainda tem hotéis de família que operam bem e com sucesso. Mas, contam-se nos dedos e são empreendedores que sempre tiveram os pés no chão e a cabeça na atmosfera. Esses ainda tratam seus empreendimentos com algum romantismo e muito zelo pelo seu patrimônio. Esse tipo de hoteleiro não desaparecerá jamais. Mas será cada vez mais raro.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Reflexões sobre o palavrão

1- Até a década de 1970, em plena ditadura militar, o uso de palavrões na literatura, no cinema e no teatro eram verdadeiros tabus. No teatro, foi missão de Plínio Marcos dar fim a essa bobagem e incorporar o palavreado próprio dos personagens e da época. Com os seus textos “Dois perdidos numa noite suja” e “Navalha na carne”, ele provocou muita polêmica à época. Desde então o teatro deixou de ter aquela linguagem casta dos textos antigos. O cinema e a TV, no entanto, se mantiveram mais “castos”. As legendas de filmes estadunidenses ou europeus traduziam castamente os xingamentos de "son of a bitch" como "bastardo" e “dane-se” para fuck you. A molecada ficava assanhada quando ouvia Jean Paul Belmondo dizer "Merde" e não viam legenda para traduzir aquilo. Hoje, no século 21, as novelas ainda mantêm essa linguagem casta em contraponto com as cenas de sexo que o público valoriza, hoje reforçadas pelas relações homossexuais. Tudo pode acontecer, mas não se pode falar “merda”, “foda-se” ou “filho da puta”. As novelas continuam se autocensurando e pondo na boca de seus personagens palavras absolutamente inverossímeis para as situações de conflito. Os seus personagens continuam falando “dane-se” e “aquele desgraçado”. Nem bandidão carioca fala “porra”, “Caralho” e outras preciosidades do baixo calão do português. E nos reality show? Sim, eles cortam os palavrões na edição, muito mais do que a fornicação que possa existir naquelas instalações. De onde vem esse puritanismo todo? É uma questão estética? Será que o grande público não sabe que nos filmes policiais estadunidenses os caras xingam o tempo todo e as legendas continuam “mornas”? Acho que isso tudo é uma grande besteira. Melhor a verossimilhança do linguajar chulo nos personagens que demandam essa característica do que ter que agüentar aquelas expressões chatas do mundo carioca que a Globo impõe ao país em suas novelas. Quando querem imitar nordestinos, paulistas ou gaúchos, os atores cariocas soam patéticos. Insisto que a questão me parece uma “opção estética” das TVs. Ontem, por exemplo, liguei a TV e lá estava o cara transando com a mulher no banheiro, numa cena convincente, bem feita. Se as crianças podem ver isso, qual o problema de ouvir os palavrões que estão nas suas ruas, nas suas escolas e, muitas vezes, em suas próprias casas?
2- Sempre há o outro lado da questão. Vejamos os textos de jornais e revistas. É claro que os autores escrevem sempre para o seu público num veículo que, supostamente, chega àquela parcela da população que se interessa por seus temas, por sua opinião e, portanto, pelas suas letras. Não são poucos os assinantes de veículos diários, semanais ou mensais que aguardam com alguma impaciência o artigo de seu cronista ou articulista preferido. Para alguns, aquilo que o sujeito escreve tem peso, às vezes sem uma análise mais criteriosa, sobretudo quando os seus escritos são de ordem política. Podemos tomar como exemplo a ira dos petistas contra o articulista Diogo Mainardi ou contra Arnaldo Jabor, muito embora esse último tenha defendido publicamente o José Dirceu, pouco antes do escândalo do mensalão. Da mesma maneira com que os radicais petistas odeiam esses escribas, os opositores dos “companheiros” aplaudem suas matérias. Em qualquer dos lados, sabemos, é preciso ter senso crítico e pesar um bocado o que se lê. Mas a questão aqui é o palavrão. O Jabor deu para usar nos últimos tempos “bosta” “merda”, “cagadas” e outras dessas palavras em seus textos. O mesmo já se deu com o sociólogo Roberto DaMatta. Uma vez num artigo no qual tratava do consumo de uísque, até me pareceu que ele escrevia meio “calibrado” pelo malte. Está aí um espaço no qual, me parece, não precisamos disso. Podemos manter o uso da norma culta sem essas expressões para esses leitores, por que não? Num país onde já se lê tão pouco, os textos dos periódicos são referência para que as pessoas exercitem a leitura e a compreensão dos textos. Ademais, é importante que esses leitores menos avisados percebam que um doublé de cineasta e jornalista como Jabor, ou um sociólogo como o DaMatta, são pessoas que podem falar muito de perto para o seu público sem todavia baixar no nível de sua linguagem.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Novelas: criatividade e share

Circulou pela imprensa a opinião da atriz Regina Duarte sobre a repetição dos temas das novelas. Sim, Regina Duarte, a antiga “namoradinha do Brasil” diz que hoje se fazem remakes e reprises das boas novelas e raramente surgem temas que sacodem o mercado. Ela relembra que são poucos os novos sucessos (bem feitos) como, por exemplo, “A favorita” (do autor José Manoel Carneiro e outros com direção de Roberto Naar) e a atual “Cordel Encantado”. Ela tem razão. Não conheço a “Cordel”, mas “A favorita” teve o mérito de ter grandes viradas de roteiro, poucos e densos personagens e trama complexa. Desse ponto de vista, aquela novela tinha mais cor de séries estadunidenses do que novelão latino. Mas La Duarte sabe que a escolha das novelas, seus temas e personagens não estão necessariamente ligados à arte. Acontece, às vezes, como no caso das séries do tipo “Hoje é dia de Maria”, numa perspectiva experimental, porque a emissora é ponta, tem gente de grande sensibilidade artística e vontade de realizar. As parcerias mais recentes que derivam do e para o cinema, são um exemplo do que se pode fazer de bom. Vide “A mulher invisível”, “Divã” e as mais antigas como “O auto da compadecida”.
A repetição de temas e personagens e daqueles núcleos que mostram o subúrbio carioca ou a suposta classe emergente carioca são os que de fato dão mais audiência. E é ali que a Globo investe. As novelas, como sabemos todos, são guiadas por permanentes pesquisas qualitativas pelos resultados de grupos focais e opinião do povão nas ruas. Não há nada pior do que os textos de Glória Perez com os seus indianos ou árabes em ponte aérea e tramas lineares, ridículas. No entanto é esse o padrão que aumenta o share no horário e, portanto, o valor das cotas de patrocínio. É assim e continuará sendo.
Para compensar esses horários, para aqueles que não têm paciência para novelas, existem experiências que se consagram como “A grande família” e outras séries. E a Globo se sai tão bem nelas como nas novelas.
Já tive a oportunidade de ver o sucesso das novelas globais agitando países como Cuba e Portugal e preenchendo horários, com novelas antigas, descoloridas e mostrando Betty Faria ainda mocinha e cheia de curvas na Alemanha. A Globo é boa nisso. E é boa porque se alimenta de pesquisas e as leva a sério. Os atores crescem e ganham com as novelas e então partem para “fazer arte” no teatro e no cinema. Graças ao dinheiro das novelas. Graças ao bom share que as novelas proporcionam à Globo.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Classificação Hoteleira. De novo.

O Ministério do Turismo publicou portaria estabelecendo sete categorias para definir o padrão dos hotéis: Hotel; Resort; Hotel Fazenda; Cama e Café; Hotel Histórico; Pousada e Flat. O governo pretende classificar seis mil deles. O que quer dizer isso? Quer dizer que, de olho nos eventos de 2014 e 2016, o país vai tentar, uma vez mais, diferenciar qualidade por decreto. Sempre se tentou isso, desde os anos 1970. Em vão.
Não deu certo por inúmeras razões, mas, para ficar em duas delas, podemos lembrar que havia exigências demais (como sempre no Brasil nada é esquecido na Lei. Já na prática...) e fiscalização de menos. Até que um dia, já no final dos anos 80, definiu-se, por absoluto abandono do assunto, que a classificação poderia ser feita através de associações corporativas, o que também não vingou. Então ficamos assim. Sem nada. Sim, porque houve momentos para tudo, inclusive o credenciamento dos profissionais que poderiam fazer a análise do estabelecimento para classificá-lo e também supervisioná-lo, sem prévio aviso, visando manter a classificação. Nada também.
O fato é que hotéis, como outros negócios de prestação de serviços, são definidos pelo que oferecem e pelos que o compram. É assim que funciona a grande arena do mercado. Não existem milagres.
É óbvio que um modelo internacional de classificação nos ajuda saber o que vamos encontrar naquele estabelecimento e por volta de quanto vamos pagar. Mas o benefício pára por aí. Ao longo do tempo ouvi de muitos proprietários e gestores queixas sobre as exigências que acabavam descumpridas por absoluta falta de demanda: telefonista bilíngüe, Coffee shop separado do salão de restaurante e outros detalhes de instalações ou serviços que nem sempre se mostram viáveis em algumas regiões.
Nessa segunda década do ano dois mil os hotéis brasileiros vão bem. Os conceitos importados com as bandeiras estrangeiras arejaram a hotelaria familiar. Mas ainda há muito por fazer. Alguns preços praticados continuam altos na relação custo/benefício. A qualidade dos serviços é sempre uma interrogação, quanto mais nos distanciamos das regiões Sudeste e Sul. Marcas novas no mercado foram ganhando notoriedade e boa demanda. O brasileiro aprendeu a comprar serviços mais baratos com menos “suposto luxo” e mais comodidade e conforto honesto. É uma lei de mercado: preferimos pagar só por aquilo que vamos realmente usufruir. E assim os hotéis econômicos ganharam espaço. E são irreversíveis.
Os resorts também têm o seu espaço, depois que as tarifas aéreas ficaram competitivas. E terão ainda maior demanda à medida que o Governo Federal for concedendo a gestão das estradas federais à iniciativa privada. Depois dos aeroportos, e marcando a gestão “mais aberta” de Dilma, as estradas serão concedidas rapidamente, acredito.
Mas o que importa mesmo para o contribuinte e para o turista é que eles tenham um serviço decente pelo preço que podem pagar. Mesmo quando podem pagar muito. Com exceção de novos ricos que gostam de mostrar que ficam nos hotéis caríssimos no eixo Rio/São Paulo, aqueles que conhecem a hotelaria internacional e o valor de seu dinheiro, fazem opções mais modestas quando sabem que o serviço pode ser mais garantido e, portanto, confiável.
O maior percentual de visitantes estrangeiros nos eventos próximos tem interesse em viajar e conhecer o interior do país ou seus atrativos mais famosos. Certamente não virão atrás de hotéis caros e luxuosos. Estradas e aeroportos serão muito mais importantes para eles.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

VITRINE

Lojistas estadunidenses estão investindo em novos modelos de manequins para exibir suas roupas nas vitrines. De acordo com Stephanie Clifford, do NYT, essas ações têm a ver também com a lenta recuperação econômica do país de Barak Obama. Para alguns gestores do varejo de confecções, o cliente escolha a roupa, já a partir do manequim. Nessa perspectiva uma loja passou a fabricar seus manequins sobre fotos de celebridades que freqüentam o tapete vermelho. Esses novos manequins têm as orelhas furadas para brincos, dedos articulados para anéis e pés que flexionam para ajuste dos sapatos de salto.
Partindo do pressuposto de que os clientes só entram na loja porque viram algo muito interessante na vitrine, a cadeia Disney Stores adicionou figurinos de meninos que voam do teto e meninas que fazem reverência. A Nike, por exemplo, mostra manequins em trinta e cinco poses atléticas e a Ralph Lauren, em Manhattan expõe manequins com o rosto da modelo Yasmin Le Bon.
Vitrines sempre foram um apelo final ao consumidor, do ponto de vista de sua decisão por entrar na loja e, portanto, consumir seus produtos. As roupas devem ser mostradas com algum apelo e os seus preços devem ser claros. Até os anos 80, no Brasil, vitrinismo era um curso bastante procurado entre os profissionalizantes. Lembro-me de que nos anos 1970 o SENAC de São Paulo corria para atender a demanda das lojas do único shopping da cidade e de ruas emergentes como a João Cachoeira, por exemplo. Nos anos 90 isso já fora esquecido. O efeito do crescimento da oferta parece ter revertido essa tendência. Hoje é preciso diferenciar.
De acordo com o NYT, a empresa Fusion Specialties, do Colorado, passou a trabalhar com produtos customizados e aumentou em 42% as suas vendas. Um dos clientes da empresa adotou como modelo a atleta Danielle Halverson, que treina para as Olimpíadas. A Fusion Specialties escaneou digitalmente Danielle imóvel e se exercitando. Depois, escultores criaram um modelo de argila a partir da cópia e chegaram a delinear até mesmo os nervos de seus músculos. Na versão pronta o manequim recebeu o nome de Daniquin e não terá cabeça, “para que os clientes não se preocupem com esses detalhes em seu próprio corpo”, segundo a CEO da rede varejista que encomendou o trabalho.
O uso de manequins na vitrine surgiu a partir dos anos 20 e só nos anos 60 eles ganharam os mamilos e articulações nos braços e pernas. Nos anos 80, perderam força no uso pelas lojas. Pelo visto, parece que está voltando com força. Para Michael Stewart, vice-presidente da Rootstein USA, que fabrica manequins para diversas marcas famosas, “nada vende mais uma roupa do que o manequim: é uma mensagem subliminar da loja, a primeira coisa que o cliente vê na vitrine ou quando entra numa loja de departamentos”.
A conferir.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Antigomobilismo

Os restauradores de carros antigos têm nessa atividade mais do que um hobby. Tratam do assunto com a seriedade que ele merece: pesquisam, via Web ou pessoalmente, diferentes regiões do país e do mundo em busca de peças e acessórios para reconstituir suas máquinas favoritas. Grande parte deles é focada em uma determinada marca, sem demérito para aqueles que são multimarcas nesse negócio. Sim, negócio. Um carro depois de restaurado, e não há como precificar com exatidão o tempo e as negociações gastas em cada processo de restauro, pode valer muito mais do que um desses carrões hitech do ano. Um conhecido meu disse estar se especializando na formação de mecânicos nessa área. Sim, diz ele, porque não se trata de mecânico lato sensu, não. São mesmo restauradores e ao longo de sua experiência podem adquirir o status desse pessoal que fica nos andaimes resgatando afrescos da Idade Média nas catedrais. Vá lá, pode ser exagero. Mas ele tem razão. Não serão eles mecânicos como os demais.
Paul Willian Gregson, por exemplo, de meu aluno a colega na docência e no mundo da hospitalidade e do turismo, tem no sangue esse negócio. Seu pai, um inglês que fixou residência no Brasil lá em meados do século vinte, pegou gosto pelo Maverick. E o Paul foi atrás. Uma vez, dando aulas em Itú,São Paulo, foi fuçar um ferro velho e encontrou uma daquelas station wagon fabricadas com a carroceria do Maverick no Brasil. Estava lá, enfiada na terra, apodrecendo. Ele comprou e me explicou que era uma série na qual só produziram cento e vinte unidades. Reformou o veículo inteiro recorrendo a diferentes países. E o negocio ficou um luxo com o toca fitas original, ar condicionado original e aquela direção mole, também original. Preço? Difícil estimar, mas tem mercado. É um gosto e há quem pague.
Mais centrado no Estado de São Paulo, o antigomobilismo tem apreciadores, praticantes e seguidores em várias outras regiões o país. Suas reuniões e exposições geram sempre uma demanda turística interessante para os destinos que os acolhem e ainda enchem os olhos dos visitantes desavisados que dão de cara com as coleções tão bem cuidadas.
Esses colecionadores com suas máquinas curtem isso em cada detalhe. Com seus carros eles participam de filmes e novelas de época, carregam noivos na cidade de São Paulo e seguem pacientemente os caminhões cegonheiros para seus eventos, estimulando o turismo.
Toda essa conversa é porque dei de cara com três diferentes tipos de Aero Willys dentro do Conjunto Nacional, em São Paulo. Estão lá, ao lado de uma exposição de fotos anunciando o lançamento do livro "Aero Willys, o Carro que Marcou Época”, escrito por Rogério de Simone e José Penteado Vignoli. Para a geração Y: Trata-se de modelo sedã de grande porte fabricado no Brasil entre 1960 e 1971. O Aero Willys destaca-se como um dos pioneiros da indústria automobilística brasileira e teve, na sua composição, muitas peças do jeep Willys que, à época, era fabricado também pela Willys Overland do Brasil.

sábado, 4 de junho de 2011

O bom do Boom

No começo dos anos 1990 eu era palestrante numa reunião de agentes de viagem do interior do Estado de São Paulo, em Ribeirão Preto, e falava sobre o que eu entendia como um nicho de mercado inexplorado que era promover o contra fluxo interior/litoral, levando turistas de São Paulo e Santos, por exemplo, para visitarem as cidades do interior. Eu dizia da importância de se mostrar as grandes fazendas, o famoso bar Pingüim e outros atrativos. Um dos presentes aparteou e disse que aquilo era complicado e que ele ganhava muito mais e sem esforço vendendo dois bilhetes ponto a ponto por ano, São Paulo/Lisboa, para o dono da padaria onde comprava todos os dias. O que diria esse mesmo agente em tempos d´agora?
Quando a Varig, um rebento espúrio do regime militar, dominava os céus do país e fazia da aviação um transporte para ricos, a cabeça dos agentes era daquele jeito. Hoje, quando os preços se ajustam melhor à realidade (o governo, oportunista, diz que a renda aumentou) todos podem viajar de avião. O que faz isso é a economia sem inflação, a concorrência nesse mercado, e a necessidade do ganho em escala. Esses eram fatores que a Varig desconhecia e morreu quando foi fatalmente contaminada pela concorrência de um mercado desregulado. Tomou.
O turismo brasileiro no século 21 entrou no modelo estadunidense, com o mercado doméstico aberto à classe C/D. Que bom para a economia! E para os agentes de viagem que souberam aproveitar essa boa mudança. A margem de contribuição mudou. Agora é preciso vender.
E muito.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Exposição boa?

Sou fã de Gisele Büdchen. Poucos homens não o são. Para além de bela, gosto do seu jeito ajuizado e empreendedor. Ficou rica, é simples e poderosa ao mesmo tempo. Teve nos braços o Leonardo Di Caprio quando a meninada se babava por ele. Casou, teve filho e está chegando à aposentadoria. Já lançou suas marcas, além de participar do licenciamento de outras.
Nos últimos meses, no entanto, a tenho visto com freqüência em mensagens as mais diferentes. É uma dona de casa que recebe o marido com um abraço meio sem tempero porque o sujeito está mais interessado na TV do que naquela mulher ao cubo. Abro o jornal e ela anuncia jóias de uma casa brasileira. Apareceu lançando sua própria linha de roupas numa loja de departamentos, mostra sandálias e o que mais?
La Büdchen é uma figura bela e incansável aos olhos de todos nós. Mas parece estar desgastando um pouco acima do necessário a sua imagem nesse começo de década. E ela não precisa disso.
PS: no dia do lançamento de sua coleção, ela apareceu numa vitrine de um shopping de luxo. Depois, um repórter conseguiu um close no seu pé. Perfeito. Absolutamente perfeito.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Brazil and the world tourism ranking

If you visit the World Economic Forum site, you may find some information about the Tourism Development in the World. And we cannot say that Brazil is in a good position in that ranking, once it followdonw from the 47º to the 53º position between the Countries that has been considered as nice place to be visited.
However, the Country is the number one when the issue is Natural Recourses. They say Brazil has the richest fauna in the world and several historic and humane inheritance sites to be visited. That is right. Witch Country have 9.198 Km of coast with nice beaches and different whether? Yes, in Brazil you could find a tropical whether (north and northeast) and temperate whether, (southeast and South). European tourists have to be prepared to long trips if they intend to visit the interior of the country. It could take some hours flying or days driving. Here go some dimensions just in order to give any idea about some parts of Brazil:
São Paulo: the most development state: 248.209.4 Km2
Minas Gerais: Historic places: 586.528 Km2
Bahia: beaches, afro-culture and historic places: 564.692,67 Km2
Rio Grande do Sul: German and Italic colonization, wines, and historic places: 385.000 Km2
France: Europe: 550.000 Km2
Spain: Europe: 504.000 Km2
Texas State –USA - 696 241 km²
From Salvador, the Capital of Bahia, to São Paulo, by plane, we take two hours flying. From São Paulo to Porto Alegre, Capital of Rio Grande do Sul, we take the same time. But if you are thinking to go to Manaus, Capital of the Amazonas State( 1.577.820,2 km²), it will take five hours flying, from São Paulo or Rio de Janeiro.
And why the Country had lost in that ranking?
The worst answers say about our infrastructure as a public transportation, low qualification for the work force and, above all, the rules for the new business in the tourism area. Brazil, for instance, is one of the Countries where is too hard to open a new business, because of the bureaucracy.
Another strong negative point is the world common sense about the Brazilian violence, special in the big cities. We should say, thanks Rio de Janeiro…
The research also shows that the Government doesn’t give to the tourism industry the real importance that it should deserve. The prices of the tickets are another issue that was remained as a problem because of the federal tax that it contains inside, as well a lot of products and services allover the Country. The tax charge in Brazil is quit high. The main problem is that the consumers pay a lot of income and don´t receive enough benefits.
Well, the Mexico, in this field, is better then Brazil. In the same ranking they went up eight steps and are now the 43º.
I´m talking only about the tourism industry, of course.
If we compare Brazil with other countries, as the BRICs, just for example, our Country has a lot of favorite’s points as an industrial and commodities producer. Our Legal system works well, the corruption has been struggling and our social system also works as well, medical assistance gratuitous included. The same situation we have in our politic system: free elections without problems and freedom to the press. If we compare Brazil to India, Russian and China, Brazil is, so far, the best of them, even though we have a lot of social problems like any other industrial and occidental country. But there is no social and human rights problem as a result of a millenary culture as we should see in other countries.
The two main politic Parties follow a social democracy and we do not have problem against any religious manifestation, sex option, races/origin or politic positions. The nation is free to receive new investments and the rules are clear to the foreigner capital. Well, in fact the bureaucracy in some sectors is an obstacle. It´s our Iberia Peninsula´s heritage…
But if you talk about tourism, we need, as fast as we can, gain some politic desire to go ahead thinking in the next World Coup 2014 and The Olympic Games 2016.
That´s it.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Brazil and the World Coup

Brazil it´s delay for the World Coup
Almost in the end of two periods as a president, Mr. Lula da Silva had as a goal of his government, brings to Brazil two big events: The World Coup 2014 and The Olympic Games 2016. The announce of the two facts had helped to bring for 87% the approval for his administration in the last days of his govern and also help to elect his politic partner Dilma Rousseft as the new Brazil´s president. Discussions a side, Brazil has to stare at both events.
Of course, the hotel and the tourism industry have expressed their gratitude. However, we have a long journey ahead, just thinking about new constructions. First of all, a simple analysis about the stadiums where to open the Coup, for instance, brought a big discussion between the FIFA and the Brazilians organizers. Even thought our Country had been notorious as a birthplace of the best soccer players in the world, our stadiums are from the 60´and has no well conditions to receive a world wide event, especially to the grand opening. The new concept of stadiums is based on something similar to a big convention center, regarding space and facilities for different and simultaneous events that has to operate all year to gain its break even point. So, it´s 2010, January and we have not the place for the grand opening of The World Coup 2014. They didn’t start to build it already…
On the other hand, the hotel industry inform that has around 2 billion of Reais, (1 Real = US$1, 75) to invest in economic hotels and some new resorts. In fact, most of the main cities in Brazil need more investments in hotels, especially in economic category. These investments will bring new opportunities for several cities in this large Country for small investors, once in Brazil the real estate investments, for the hotel industry, operate as a condominium and the properties have one or more rooms in several undertaking. They have no hotels companies’ papers on stock market. They have a room.This sector will have no problem to the construction once the building construction is well advanced and have pre mould technology that make things simple.
On the other side we haven’t enough Professionals all over Country to receive the tourist that probably will come to the World Coup event. Major part of our hotel employees don’t speak English by the simple reason that countryside doesn’t receive a lot of tourists. The airport system is another point of strangulation to the public transportation. The cities where the games will take place are the Capitals of different States of Brazil. It means that the inciters will have to take trips from one and a half hours to four hours flying to watch the games, taking São Paulo and Rio de Janeiro as a reference Gate of Entrance. For the roads highway network we have the same problem. Maybe the tourist in São Paulo State, Paraná State or Rio Grande do Sul, will not have problems in their Free Way. But, Minas Gerais State and the other regions of Brazil, have no good roads. What will be?
The actual government, as well its antecessor, has afraid of private’s concessions to public services. With a Marxist mind, now transformed in a social democracy with a strong focus in the State´s Economy, the administrator from the Works Party believes that private´s money is no good to the nation even thought the State had any condition to invest in the entire sector at the same time. This concept has been one of the strong points of their campaign against their opposites. They believe that if they give the public services as a concession to private companies they are going “to sell Brazil”. It´s more than a marketing teaser. It´s a real concept of State that traverses part of the old mind of the communists that give the support do the Works Party and try to have some influence in the administration. They have to decide…
After all, how to think in Rio de Janeiro as a city to receive the Olympic Games 2016? Please, just take a look in the last news about the violence in that place. Rio has been not the Gate of Entrance in Brazil for several years. Bahia State, Ceará and other States from the Northwest have gained this demand. Rio de Janeiro is just an outlaw and violent city that will spend a lot of money from de Federal Safes to invest in the Olympic Ville and to maintain the bad guys in their homes. Could happen that the tourists and the athletes go back to their home safe. But then, a lot of money had been trough the grater. And the city will remain as poor as it is or more than ever.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Hotéis & Copa 2014

Os grandes investimentos previstos para a indústria hoteleira até 2014 devem contemplar mais fortemente as cidades que sediarão os jogos de futebol daquele evento: Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Brasília, Curitiba, Salvador, Recife, Natal, Fortaleza, Manaus e Cuiabá. Essas cidades devem receber investimentos na construção civil e terão o número de UHs aumentado consideravelmente para receber o público do campeonato. Mas, no entorno dessas capitais, investidores e políticos estão em estado de alerta e com razão. Trata-se da escolha, pelas seleções participantes do evento, dos locais onde as equipes vão se alojar e treinar para enfrentar os jogos. Essa escolha guarda certa expectativa porque depende ainda de se saber qual será a cidade de abertura e aonde irão jogar essa ou aquela seleção. Com uma dimensão continental entre essas capitais, os times deverão escolher uma cidade que tenha proximidade com aeroportos, que tenha um campo de futebol com alguma privacidade e todos os demais recursos necessários às comunicações com o resto do mundo. Nessas pequenas cidades vai estar também parte da imprensa que cobrirá a rotina das principais seleções. Isso vai demandar mais hotéis e recursos de toda ordem. É a grande chance de uma cidadezinha e seus atrativos naturais ou artificiais ganharem seus quinze minutos de fama na Europa, Ásia ou América do Norte. No Estado de São Paulo são fortes candidatas a hospedar as seleções as cidades do entorno de Campinas, São José dos Campos, Piracicaba e Sorocaba, que são próximas à região Metropolitana de São Paulo. Prefeitos mais rápidos e hoteleiros que acordam cedo já fazem seus contatos com Embaixadas, Consulados e com a administração das seleções estrangeiras visando “ganhar a concorrência”. O alvo principal são as seleções da Espanha, Alemanha, Inglaterra, Portugal, Rússia, Estados Unidos e França.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Dinheiro em novas mãos

Minha primeira visita a Paris foi nos anos 80.
Mesmo fascinado com o fato de ver de perto aqueles lugares mostrados em“A última vez que vi Paris” ou das cenas noir de Simone Signoret e Jean Paul Belmondo, pude sentir, à época, a dificuldade de me fazer entender para uma gente que não gosta (gostava?) de falar o inglês. De fato, poucas eram as lojas ou restaurantes onde facilmente alguém se propunha a atendê-lo (e entendê-lo) no idioma do Bardo. Nos anos 90 isso mudou um pouco na perspectiva da Comunidade Européia. Depois de 2000, com o uso da moeda única, os franceses começaram a entender que era preciso se comunicar e tratar bem o turista. Nessa primeira década do novo século, por exemplo, a comunicação foi mais fácil na Cidade Luz, constatei. Afinal, Paris é a cidade da Europa que mais recebe turistas.
No final dos anos 80 a demanda de japoneses para os EUA era grande e fazia falta na imigração, agentes que dominassem minimamente aquele idioma. Quem passa pela imigração nas viagens internacionais sabe que às vezes pode encontrar um agente mais zeloso em sua função, cheio de perguntas e querendo respostas. Nem sempre o inglês do japonês é de fácil compreensão “macarrônica”, como o dos latinos, por exemplo. Os coreanos também eram uma preocupação dos agentes da imigração do Tio Sam.
E a França, por que não falava o inglês? Uma questão cultural, sabemos. Primeiro por suas diferenças históricas com a Inglaterra. Depois por uma resistência atávica ao “imperialismo cultural yankee”. Levou algum tempo para que os compatriotas de De Gaulle e Sarkozy percebessem que o francês já não era o idioma da comunicação internacional. Economia, sociologia e xenofobias à parte, é mesmo um ciclo histórico e que pode caminhar para o mandarim nos próximos cinqüenta anos. Quem saberá?
Pois agora, em 2011, a situação está flexibilizada de vez. A França está se adaptando rapidamente aos novos donos do dinheiro: os BRIC. As pesquisas de 2010 apontam que o maior número de turistas estrangeiros na França, em Paris em especial, são os chineses, seguidos de indianos e brasileiros. Ocorre que depois da crise de 2008, esses países emergentes, que conseguiram driblar a derrocada financeira a partir dos EUA, tiveram suas moedas mais valorizadas em relação ao dólar e ao euro e com isso o aumento de viagens e compras no exterior. Mas não é só disso que se trata. Chineses e indianos, sobretudo, começaram a ganhar uma classe média e média/alta que não tinham antes de 2000. Os dois países ganharam novos milionários em pouquíssimo tempo, enquanto o Brasil teve ampliada a sua classe C, numa ascensão das classes D e E. Mas as nossas classes A e B ganharam poder de compra e o parcelamento das viagens. De um total de 8,5 milhões de pessoas que visitaram o Museu do Louvre no ano de 2010, 410 mil foram brasileiros, contra 650 mil estadunidenses. O Brasil ocupava em 2007 o 11º lugar em número de visitantes ao Louvre.
O dinheiro em novas mãos exige mais do que falar o idioma. É preciso se adaptar às diferentes culturas e, portanto, comportamentos. Enquanto os brasileiros buscam uma culinária francesa sofisticada nos Bistrô e Brasseries, os indianos e chineses insistem em comer algo mais próximo à suas culturas. Assim, restaurantes e casas de shows passaram a oferecer pratos indianos e chineses para satisfazer sua clientela. Nas lojas falam-se então o português, o russo e o chinês. Indianos que viajam falam inglês.
No século 21 o mundo Ocidental vai rapidamente se caracterizando por uma sociedade de etnias. Nos países europeus que um dia mantiveram colônias e que hoje recebem gente de diferentes etnias, cada vez mais a paisagem sofrerá interferências que, a exemplo de Paris, vai muito além dos anúncios de Cuscuz Marroquino. Lojas, trajes, dialetos, religiões, comportamentos e distintos traços culturais se instalam por toda a Europa. E isso é definitivo. Já nos Estados Unidos, as comunidades latinas e asiáticas tomam conta de algumas regiões até mesmo politicamente. Trajes, festas e restaurantes de comidas latino americanas e asiáticas são comuns. Prefeitos e governadores das colônias hispânicas também retratam algo que vai além da mudança do dinheiro de mãos. Pode estar em curso uma grande mudança no destino dessas nações. O fluxo de turistas é só uma frágil ponta desse Iceberg.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Neuromarketing Alimentar?

Lá por 2004 ou 2005, eu falava com os estudantes sobre o Neuromarketing, esse termo criado pelo professor de marketing Ale Smidts, da Rotterdam School of Management, Erasmus University, Holanda, e discutíamos sobre o desejo dos estudiosos do comportamento do consumidor de encontrar um Ponto G na mente do consumidor de forma a tornar irreversível a consumação de seu desejo de compra.
O assunto é polêmico.
Os estudantes questionavam o sistema de mensagens subliminares experimentado nos anos 1950 em cinemas dos Estados Unidos e que gerou impulsos de consumo e cujo uso acabou proibido. Pois bem, se aquilo já era uma aberração, o que dizer de um tipo de controle sobre a mente do consumidor tornando-o “indefeso” ao impulso da compra?
Sim, é uma questão complexa e que, assim como a clonagem de seres humanos, se concretizada, enfrentaria problemas éticos, legais, religiosos e políticos. Mas há quem pense em descobrir isso. Com certeza, os malucos por regimes totalitários seriam compradores dessa descoberta, que custaria muito mais do que armas nucleares no mercado negro. Ah, bobagem...
Mas eis que em 2011 está no The Wall Street Journal Americas, via Valor, a notícia: “Nestlé tenta tapear cérebro da barriga com novos alimentos.” Longa e com alguma complexidade, a matéria diz que os pesquisadores da empresa suíça estão buscando criar novos alimentos com base na comunicação entre o cérebro e o estômago. Os estudos se baseiam no sistema digestivo humano que tem um “alarme” para avisar que estamos famintos ou saciados. Segundo a matéria, “um conjunto de células nervosas trabalha junto e se comunica de modo bem parecido com o dos neurônios do cérebro. Em essência, é como se houvesse na barriga um segundo cérebro.” Esse processo é conhecido como sistema nervoso entérico e “é formado por 500 milhões de células nervosas, o mesmo número contido no cérebro de um gato.” O epicentro da pesquisa, de acordo com a matéria, é conseguir criar alimentos que possam dar a esse sistema, insumos para que ele leia que o consumidor está saciado com o que come naquele momento, ou seja, alimentos que literalmente venham a “enganar o estômago”. Heribert Watzke, cientista sênior de nutrição da Nestlé especula que, por exemplo, fazer batatas fritas com um tipo de óleo que é digerido mais lentamente do que o normal pode dar uma sensação de saciedade mais duradoura: “isso significa que as pessoas vão se sentir cheias mais rapidamente; isso avisaria o cérebro de cima para parar de comer”
A iniciativa, diz ainda a matéria, não é pioneira. Outras empresas já tentaram experiências como essa e algumas a deixaram de lado porque o alimento não era saboroso o bastante ou por problemas digestivos. O fato é que todas alegam estar buscando uma forma de combater a obesidade que avança impiedosamente no mundo, Brasil incluído, em sua base da pirâmide social.
Agora convenhamos: num mundo em que nos acostumamos a ver empresas criarem produtos e drogas que viciam mais rapidamente (nos cigarros, por exemplo), é pelo menos curioso, e a sociedade pode ver com certo ceticismo, que as grandes empresas produtoras de junk food dediquem tanto tempo de seus laboratórios para que o seu consumidor coma menos de seus produtos. Pode ser. Eles terão com certeza um aviso na embalagem. “Este produto vai lhe causar a sensação de saciedade antes que ela realmente aconteça. Consuma despreocupadamente”

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Virgin King arriving

Fiquei fã do Richard Branson em 1998, quando li o livro Virgin King que trata de sua biografia com foco na criação da companhia aérea de low cost low fare criada àquela época para alegria dos que fazem o trajeto NYC/London e para desespero das, então conservadoras, empresas aéreas européias. Branson comprou aviões usados e novos, contratou comissárias jovens e com vontade de subir na vida, mesmo que ganhando menos do que nas companhias tradicionais. Foi uma luta para conseguir pousar suas aeronaves no London Heathrow Airport em razão do boicote das grandes concorrentes. Ele fazia medo. Ele é um empreendedor diferente, ousado. Sua gravadora Virgin foi a primeira a acreditar em gente como o Rolling Stones, por exemplo. Nos anos 1990 suas lojas de disco foram transformadas em lojas de departamentos. Agora ele está vindo para o Brasil. É bem vindo. Tive a oportunidade de falar dele ao saudoso Comandante Rolim Amaro, numa daquelas corridas manhãs de Congonhas. Rolim foi modesto (acabava de comprar uma empresa Paraguaia) e disse que jamais seria um sujeito “com os colhões do Branson”. Era mentira. Rolim foi tão atrevido quanto Branson, dentro da perspectiva tupiniquim. O mote da vinda dele para o Brasil – está nos jornais de hoje – é preparar terreno para ter a Virgin Atlantic operando em solo brasileiro antes da Copa de 2014. E mais, quer voar também internamente em parceria com alguma das nacionais. Bronson sabe o que faz. Tem boa assessoria e visão de mercado. Sua empresa aérea (em parceria) já voa na África, por exemplo, garantindo posicionamento num lugar no qual poucos acreditam. O Brasil conhece pouco Sir Richard Branson. Nós leitores e tietes ficamos felizes com sua chegada. Já as empresas aéreas e o varejo, esses devem abrir os olhos...

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

As vestes obrigatórias

O poderoso banco suíço UBS tem sido o centro dos comentários de muitos executivos mundo afora, não pelo seu comportamento na grande crise de 2008 mas sim, pelo lançamento de seu novo “código de vestimenta” no final de 2010. Tem quarenta e três páginas o “Código de Vestimenta do Banco UBS” (Appearance Handbook Styleite). No texto as recomendações são muitas: usar sempre lingerie da cor da pele; as roupas de baixo não devem ser visíveis de forma alguma; não usar unhas muito coloridas, em especial as postiças; cortes de cabelo e penteados e tipos de sapatos também são recomendados ou seja, da cabeça aos pés. As mulheres não devem usar jóias muito brilhantes ou calças que sejam agarradas no derrièr e os homens devem usar calças que combinem com o seu paletó de dois ou mais botões, próprios para o ambiente de trabalho. Consultores de aparência nas principais capitais do mundo concordam, em parte, com as regras de vestimenta da organização suíça. Uma profissional de imagem corporativa diz que os erros mais comuns são “as pessoas despenteadas e usando roupas mal ajustadas. Fica uma aparência desmazelada, como se você não estivesse em você mesmo” Outro consultor diz que “se os bancos gastam dinheiro com tapetes felpudos e vasos de flores, não vão querer pessoas circulando de jeans”. Comentários publicados no Vancouver Sun por exemplo, dão conta de que a maioria dos profissionais da moda e do mundo executivo concorda com o fato de que devem existir regras para a indumentária dos bancários e assemelhados, muito embora o UBS possa ter exagerado nas cores, sobretudo quando trata das roupas de baixo da cor da pele.
A experiência de muitas empresas bem mais próximas de nossa realidade mostra que nem sempre os profissionais entendem recados com alguma sutileza. Numa empresa onde trabalhei, por exemplo, convencionou-se que às sextas feiras poderíamos usar um traje mais casual e isso incluía o uso do jeans. Todavia não falávamos em camiseta de gola careca ou tênis. E tinha gente que lá aparecia com aquela camiseta e um tênis já combalido. Eu, pessoalmente, sempre trouxe um blazer no carro. Nunca se sabe o que pode ocorrer. Também já passei pelo desconforto de ter que alertar uma colega de trabalho, minha subordinada, sobre a inconveniência de seus trajes para visitar novos clientes. Desconfortável sim, mas necessário.
Na hotelaria esse tipo de rigor não causa espanto. Os brincos devem ser sempre discretos, os cabelos, sempre que possível, presos ou semi-presos e as roupas discretas: saias não mais do que quatro dedos acima dos joelhos e os homens, preferencialmente, sem modelos de barba muito exóticos. As unhas das recepcionistas, por exemplo, devem ser preferencialmente esmaltadas em cores discretas, evitando-se aquele vermelho cádmio.
Com certeza, os atalaias da esquerda obscurantista dirão que o capital quer moldar as pessoas in extremis tirando-lhes até a individualidade no modo de vestir-se. Pois estão errados. A vestimenta é parte da linguagem do corpo, fala daquele personagem que apenas vemos de longe e que, compõe um cenário, no caso, o banco. Em termos de linguagem, Deyan Sudjic, diretor do Design Museum de Londres e autor do livro A Linguagem das Coisas (Intrínseca, 2010) que acabo de ler com entusiasmo, diz
“Não é coincidência que o preto seja a cor das armas: o símbolo do design sem o fator venda. O preto é uma não cor, usada para instrumentos científicos que contam mais com a precisão do que com a moda para atrair clientes. Não ter cor significa que se está dando a aspirantes a consumidor a honra de levá-los a sério a ponto de não tentar iludi-los com falsos brilhos.”
É de linguagem que a empresa fala quando pede (exige) o uso de roupas discretas pelos seus empregados. No capítulo sobre moda, no mesmo livro, Sudjic comenta que quando Giorgio Armani foi contratado a redesenhar os uniformes dos Carabineri da Itália (não é redundante), soou, no primeiro momento, como um desvio frívolo, mas obviamente sempre se esperou que os uniformes militares fizessem seus usuários se sentirem melhor em relação a si mesmos.
Enfim, quem já não viu, no final de fevereiro, aquela funcionária que volta de férias com uma blusa branca de generoso decote contrastando com sua pele recentemente bronzeada? Quem já não viu aquela moiçola rechuncha que faz questão de usar uma saia curta e apertada que deixa a mostra seus pneus e metade de suas coxas digamos, reforçadas demais? Não, nem sempre as pessoas têm bom senso. E essa é uma boa razão para a elaboração de manuais para orientar empregados a se vestirem.
Freud, em A interpretação dos Sonhos, diz Sudjic, sugere que, para os militares que andam uniformizados, sonhar que se apresentam em público à paisana é um sonho de ansiedade do mesmo tipo que é para as demais pessoas, o da nudez pública. Diz o diretor do Design Museum de Londres:
“Mas o limite entre o que chamamos moda e o que chamamos uniforme – aparentemente entre o frívolo e o sério, o frágil e o durável, o inventado e o autêntico – não é bem claro.”
Nas ruas de Manhattan, de Docklands ou nas imediações das avenidas Berrini ou Paulista é possível saber quem trabalha no mercado financeiro, bancos de investimento e outros serviços que exigem sobriedade.
Isso ocorre porque, ao mesmo tempo em que tenta tornar seus usuários invisíveis, essa “camuflagem padronizada” das empresas gera também um sinal de extrema visibilidade, pretendendo identificá-los, como os uniformes, para o seu próprio lado do combate.