segunda-feira, 22 de março de 2010

Brasileiro gasta no exterior

Deu no Estadão, assinado pelo jornalista Fernando Nakagawa: os brasileiros gastaram no mês de janeiro deste ano R$1,2 bilhão em viagens para o exterior. Essas despesas compõem 31,6% de todo o déficit de transações correntes do mês. O jornal diz que nos anos 1980, o porcentual dos gastos com turismo representava 3% do déficit. Para se ter uma idéia do aumento das viagens e volume de gastos, em fevereiro de 2009, o gasto foi de US$553 milhões ou R$985 milhões aproximadamente. O aumento porcentual de um ano para o outro foi de 72,4% e corresponde a um gasto de US$27 mil por minuto/brasileiro no mês de janeiro de 2010. Dá para se imaginar gastando esse dinheiro? É bem capaz que nem mesmo os cartões corporativos do Planalto alcancem esses números. A divisão desses gastos contempla 68% de gastos com cartões de crédito em pagamentos de hotéis, bilhetes aéreos, aluguel de carros, lojas e restaurantes. Pacotes de viagem e pagamentos em dinheiro compõem 28% das despesas. As viagens de negócios, pasmem, foram responsáveis por apenas 2,3% dos gastos. Educação e esportes tiveram 0,2% do total e por razões de saúde, apenas 0,1%. Em 2005 os negócios representavam 5,41% das despesas no exterior e a educação cravava 2%. Somem-se a essas despesas os investimentos que serão feitos para a Copa 2014 e para as Olimpíadas de 2016 e o rombo do turismo não terá fim, jamais. Basta dar uma volta pelo mundo e ver o que acontece com as instalações que foram feitas para hospedar eventos dessa natureza em diversos países e o que eles acham desse tipo de negócio. O governo federal tem discurso para a agricultura familiar mas se esquece do turismo para as pequenas comunidades.

quarta-feira, 3 de março de 2010

GANÂNCIA

A estabilidade econômica gerada pelo Plano Real há quinze anos atrás mostrou aos empreendedores brasileiros que é possível um ganho em escala também em nosso país. Acostumados com os ganhos da inflação, muitas empresas vendiam pouco por muito e para poucos. Assim era sobretudo com os serviços da aviação civil e os pacotes de turismo. O crescimento vertiginoso da inflação não permitia o uso de cartões de crédito e muito menos vendas a prazo. As mudanças que vieram com a estabilidade favoreceram uma “inclusão aérea e turística”. Nos últimos cinco anos essa inclusão começou a chegar também às classes D e E, com bons preços de bilhetes para viagens de avião a longo prazo, gerado pela concorrência entre as empresas. Levadas pelo otimismo com a demanda, essas mesmas empresas já se mostram gananciosas. A “6ª Pesquisa Anual de Conjuntura Econômica do Turismo” realizada pelo Ministério do Turismo em parceria com a FGV mostrou que as empresas do setor de aviação pretendem reajustar as tarifas em 9,2% em relação a 2009. A explicação é a de que no ano passado os preços do segmento caíram 4,1%. É curiosa essa reação uma vez que o aumento da demanda pode ter acontecido exatamente pela queda de preços gerada pela concorrência. Para atenuar essa posição o setor acena com um aumento da empregabilidade por volta de 4,9%. E daí?

segunda-feira, 1 de março de 2010

O mundo da Alimentação

No começo dos anos 1990 eu participava, em Washington DC, de um evento Latino americano de educação em hospitalidade quando um dos participantes nos convidou para visitar o Departamento de Comércio dos EUA para entender sobre as tendências da área de serviços e do turismo. Foi surpreendente o pequeno número de técnicos que eram responsáveis pela coleta de informações e pesquisas daquele departamento de Estado. Eles contavam com pesquisas de universidades e serviços terceirizados. O que me marcou da visita foi a tendência de crescimento para o setor de alimentação previsto para a próxima década: cerca de 80%, no mundo. A senhora que nos atendia ainda brincou com a situação: “80% de qualquer coisa é muita coisa”. Desde então a proliferação de praças de alimentação, restaurantes e serviços de entrega de comida pronta em escritórios e residências foi estonteante. Tomemos por base a cidade de São Paulo. O que tínhamos em 1990 e o que temos hoje? Segundo pesquisa da Associação Brasileira da Indústria de Alimentação (ABIA) comer fora de casa no Brasil gerou o movimento de R$58 bilhões em 2009 e deve crescer mais 10% neste ano de 2010. Outra pesquisa, da GFK Brasil, mostra que 51% da população come fora de casa com regularidade sendo que 23% fazem isso todos os dias, incluindo os finais de semana. A pesquisa mostra ainda que o gasto semanal per capita no Brasil é de R$67,13 no almoço e R$76,77 no jantar. Esses números tendem a um crescimento maior, ainda não estimado, por conta dos dois grandes eventos que o país vai hospedar em 2014 e 2016, a Copa do Mundo e as Olimpíadas, respectivamente. Certamente, vinte anos depois da previsão do Departamento de Comércio estadunidense, o setor possivelmente tenha crescido mais de 80%. E 80% de qualquer coisa, são mesmo muita coisa...