sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Dificuldades mercadológicas

Todas as ações, ou ausência delas, que amofinem a vida do consumidor têm resultado direto na imagem das marcas. Por “marcas”, entenda-se neste texto, além daquelas que identificam produtos ou serviços, também o setor público ou aquelas instituições sem fins lucrativos. Vejamos então. O que pode amofinar mais um consumidor do que uma embalagem complicada, que não abre ainda que sigamos as instruções contidas no rótulo? Consumidor de biscoitos (bolachas) salgados, tenho vivência na frustração das tentativas de abrir corretamente alguns pacotes simplesmente puxando a lingueta com uma seta onde está escrito “Abrir”. Em vão. Em geral a fita se quebra antes de completar a abertura e se você não tomou alguns cuidados pode ter uma indesejada avalanche dos primeiros biscoitos e todo aquele farelo indesejável que cai. Conheço apenas uma marca que escapa a isso: a Piraquê, que é fabricada no Rio de Janeiro... E aqueles sachês de molhos que são utilizados em lanchonetes? Sim, aqueles também têm uma indicação “abrir”. Mas aí você tenta, tenta e corre o risco de lambuzar-se de catchup ou mostarda. Ou simplesmente não conseguir abrir. Alérgico que transmitiu parte disso aos filhos, sempre fui um consumidor de solução de cloreto de sódio, sobretudo em tempos secos de outono\inverno, como esse pelo qual passamos agora com menos de 30% de umidade do ar. Pois bem, um desses produtos, que à época vinha embalado em vidro, tinha um anel de alumínio para proteger a tampa. Ah, foram vários cortes nos dedos, em geral sob uma das unhas, na tentativa de abrir aquele negócio. O anel sempre se quebrava antes de romper e era preciso recorrer a um instrumento qualquer para completar a ação. E os manuais de instrução? Melhor não entrar no assunto. Nos tempos atuais, de tantos aparelhos eletrônicos, o descaso com esses folhetos é flagrante. Os fabricantes parecem apostar na curiosidade natural dos consumidores diante dessas novidades. Assim, para que caprichar na tradução ou na impressão completa do manual? “Deixemos a criatividade do brasileiro fluir” devem justificar-se eles... Já nos serviços públicos, não é preciso bater na tecla do mau atendimento na saúde ou na segurança. Fiquemos na sinalização das ruas. Falo da maior e mais desenvolvida cidade do país. Os autóctones andam bem e pouco se dão conta da falta de sinalização. Ah, mas basta que você busque uma área desconhecida como destino e verá, mesmo com o GPS, que não temos placas indicativas de direções. Numa avenida longa, por exemplo, o motorista fica inseguro por não saber quanto falta para chegar ao ponto onde deve mudar de direção. E nem sempre o GPS está atualizado. Pessoalmente, confio mais no GPEsso, parando num posto de gasolina e perguntando. Pior mesmo é quando a placa fica em cima do local da convergência e o motorista não tem tempo de acessar a faixa para fazer a manobra. Ainda sobre os serviços públicos, podemos falar dos banheiros públicos que não existem em São Paulo. Nelson de Abreu Pinto, presidente da Federação de Hotéis Restaurantes, Bares e Similares do Estado de São Paulo, disse uma vez, com razão, que os bares e restaurantes eram os banheiros da cidade. Isso foi dito lá no começo dos anos 90. E nada foi feito nessa direção pelos prefeitos que comandaram a cidade. A mesma pergunta fazem os estrangeiros que visitam o litoral brasileiro: por que as praias não têm banheiros? Ah, somos assim, leves e meio selvagens, fazemos xixi na boa ali na água e o número 2, bem aí não sei... Na próxima vez que você for mal sucedido ao abrir uma embalagem, grave bem a sua marca. E na próxima eleição, lembre-se desses prefeitos e governadores que não fazem a lição como deveriam fazer. Já será um começo.