quarta-feira, 15 de junho de 2011

Antigomobilismo

Os restauradores de carros antigos têm nessa atividade mais do que um hobby. Tratam do assunto com a seriedade que ele merece: pesquisam, via Web ou pessoalmente, diferentes regiões do país e do mundo em busca de peças e acessórios para reconstituir suas máquinas favoritas. Grande parte deles é focada em uma determinada marca, sem demérito para aqueles que são multimarcas nesse negócio. Sim, negócio. Um carro depois de restaurado, e não há como precificar com exatidão o tempo e as negociações gastas em cada processo de restauro, pode valer muito mais do que um desses carrões hitech do ano. Um conhecido meu disse estar se especializando na formação de mecânicos nessa área. Sim, diz ele, porque não se trata de mecânico lato sensu, não. São mesmo restauradores e ao longo de sua experiência podem adquirir o status desse pessoal que fica nos andaimes resgatando afrescos da Idade Média nas catedrais. Vá lá, pode ser exagero. Mas ele tem razão. Não serão eles mecânicos como os demais.
Paul Willian Gregson, por exemplo, de meu aluno a colega na docência e no mundo da hospitalidade e do turismo, tem no sangue esse negócio. Seu pai, um inglês que fixou residência no Brasil lá em meados do século vinte, pegou gosto pelo Maverick. E o Paul foi atrás. Uma vez, dando aulas em Itú,São Paulo, foi fuçar um ferro velho e encontrou uma daquelas station wagon fabricadas com a carroceria do Maverick no Brasil. Estava lá, enfiada na terra, apodrecendo. Ele comprou e me explicou que era uma série na qual só produziram cento e vinte unidades. Reformou o veículo inteiro recorrendo a diferentes países. E o negocio ficou um luxo com o toca fitas original, ar condicionado original e aquela direção mole, também original. Preço? Difícil estimar, mas tem mercado. É um gosto e há quem pague.
Mais centrado no Estado de São Paulo, o antigomobilismo tem apreciadores, praticantes e seguidores em várias outras regiões o país. Suas reuniões e exposições geram sempre uma demanda turística interessante para os destinos que os acolhem e ainda enchem os olhos dos visitantes desavisados que dão de cara com as coleções tão bem cuidadas.
Esses colecionadores com suas máquinas curtem isso em cada detalhe. Com seus carros eles participam de filmes e novelas de época, carregam noivos na cidade de São Paulo e seguem pacientemente os caminhões cegonheiros para seus eventos, estimulando o turismo.
Toda essa conversa é porque dei de cara com três diferentes tipos de Aero Willys dentro do Conjunto Nacional, em São Paulo. Estão lá, ao lado de uma exposição de fotos anunciando o lançamento do livro "Aero Willys, o Carro que Marcou Época”, escrito por Rogério de Simone e José Penteado Vignoli. Para a geração Y: Trata-se de modelo sedã de grande porte fabricado no Brasil entre 1960 e 1971. O Aero Willys destaca-se como um dos pioneiros da indústria automobilística brasileira e teve, na sua composição, muitas peças do jeep Willys que, à época, era fabricado também pela Willys Overland do Brasil.

Um comentário:

  1. Estou lendo tudo que você escreveu neste e noutros lugares e saboreando seu entusiasmo tão eclètico e sua prosa adorável.Já és um escritor como sempre quiseste ser, uma grata constatação

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