sábado, 23 de novembro de 2013

Astros mirins e sensualidade

Abro a página da UOL e vejo que a atriz Abigail Breslin fez ensaio sensual entre espumas e lençóis, aos dezessete anos. Breslin foi indicada para o Oscar em 2002 por seu papel como filha do personagem principal em Sinais atuando ao lado de Mel Gibson.
Mas a menina ficou mesmo conhecida como a irresistível personagem do filme Little Miss Sunshine, em 2006. Não resisti. Recorri a Wikipédia.
Abigail Kathleen Breslin nasceu em abril de 1996 em NYC, filha de pais que trabalham com Telecomunicações e TI. Tem dois irmãos que também são atores, mas nada consta deles sobre trabalhos diferenciados como os dela. Sobre a menina não se pode dizer que seja uma atriz diferenciada. É certo que ela apresentou um jeito muito espontâneo na sua personagem em Miss Sunshine. Talvez tenha sido mais convincente como a órfã em Sinais.  
O que me fez buscar mais notícias sobre a menina foi a história de querer mostrar seu corpo ou “ousar mais” para o público. Ela não é a primeira. Mas me intriga mesmo assim.
Há dias vi num telejornal a atriz Miley Cyrus, principal figura da série da Disney Hannah Montana num clipe no qual, nua, lambe sensualmente um martelo. E a notícia foi longe, mostrando o comportamento abusado na menina em outros shows.
Cyrus, nascida Destiny Hope Cyrus, sabe bem o que faz. É um jogo mercadológico. Quer ser vista como mulher. E mulher para instigar os desejos humanos. Masculinos ou femininos.
Vi o clipping no qual lambe o martelo. O roteiro do vídeo a mostra sentada e balançando numa bola de aço, dessas de demolição. Ela beija também a corrente que prende a bola. E derruba as paredes no refrão da música. É bonita e se reveza entre a nudez e calcinha e sutiã. Sempre usando coturno.
Nem sempre artistas mirins sabem lidar com a fama. Drew Barrymore foi um exemplo. Depois do sucesso de ET, o filme de Spielberg (1982) no qual faz a irmã do personagem principal ela viveu péssima fase envolvida com álcool e drogas. Teve muita sorte na recuperação e hoje é uma atriz respeitada em Hollywood, em comédias e dramas.
Outro nome mirim famoso é Macaulay Culkin, nascido Macaulay Carson Culkin em 1980. Depois do sucesso da sequência de “Esqueceram de mim”, o ator viu-se envolvido em problemas que começaram em casa. Seus pais disputaram, literalmente, a tapa, sua fortuna de 17 milhões, à época. Crescido e moço, Culkin não se revelou tão bonito quanto na infância. E menos talentoso.
Seu nome na mídia apareceu mais ligado a escândalos, como o suposto envolvimento sexual com Michael Jackson e sua prisão por porte de maconha e anfetaminas.
A trajetória de astros mirins nunca foi linear.
Para os atores, quando a cabeça é boa ou bem orientada, a escada é menos íngreme uma vez que eles podem ir mudando de papéis para personagens mais velhos. Assim um ator pode ir da infância até representar como avós e sábios anciões. Mas nem sempre é linear.
Para os astros mirins de muito sucesso, a adolescência e a entrada na maturidade podem se revelar uma armadilha. Sua graça infantil pode não se manter aos quinze anos. Eles podem estar gordos ou mesmo sem charme. Pode também ocorrer um hiato na adolescência e eles voltarem a ter charme aos vinte anos. Ou simplesmente podem não ter o talento e a espontaneidade da infância.
Esse risco pode também ocorrer no ocaso da carreira, quando eles devem passar a interpretar pais e avós de outros galãs. Mas essa é outra história.
Envolvimento com drogas parece estar na razão direta das estruturas familiares e de como tratar com o sucesso tão prematuro.
Já a necessidade de mostrar ao público que “agora sou sensual” parece mesmo uma necessidade de virar adulto, de sair daquele casulo da virgindade, cair no mundo. A questão é a dosagem disso.
Para os artistas da música esse caminho é ainda pior. Eles têm que mudar o repertório e a imagem. Nessa perspectiva está a mudança para um público que, acreditem, pode ser o mesmo de quando tinham seus oito anos e cantavam para outras crianças de também oito anos.
Essas mesmas crianças, quando chegam aos dezoito anos, gostam de sons melhor definidos do que aqueles pops do tipo Sandy & Júnior ou Hannah Montana. E os artistas têm que fazer a sua opção pela nova linha de sua música e pelo visual mais adulto. Em geral mais sensual.
Trata-se de um reposicionamento de produto que deve ser trabalhado ao longo da carreira. Na medida de seu amadurecimento o astro da música deve ir repaginando sua imagem e produtos de modo a tornar quase natural a sua mudança e a consolidação de “nova” carreira.

Miley Cyrus, com certeza, não lambeu aqueles ferros à toa, com tanta espontaneidade. Há muito marketing por trás desse gesto.

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