segunda-feira, 31 de maio de 2010

Cinema e Turismo

Desde os anos 80, entusiasmado com o sucesso do filme Crocodile Dundee, rodado na Austrália, dirigido por Peter Fairman e estrelado por Paul Hogan e Linda Kozlowski, que se casaram depois do filme, falo e escrevo sobre a importância do cinema para o turismo. Mais recentemente, em 2004, o diretor Alexander Payne nos ofereceu o filme Sideways, que mostra os vinhedos da Califórnia com o maior merchan no varietal Pinot Noir. Ninguém tem dúvida sobre o aumento da demanda para as visitas aos vinhedos da Califórnia pelos estadunidenses e do consumo do Pinot Noir mundo afora.
O cinema sempre foi uma ferramenta de propaganda. Para o bem e para o mal. O recente Lula, o filho do Brasil, por exemplo, foi feito para a campanha eleitoral e não deu muito certo nas bilheterias. Os marqueteiros não se deixaram abater: estão exibindo o filme nos lugares mais ermos que se pode imaginar, no modelo Cinemas, Aspirinas e Urubus. Hitler usou o cinema às pampas e os EUA também, na Segunda Guerra, na Guerra Fria e no tempo do Vietnã.
Temos vários filmes premiados, bons de fato e até indicados para o melhor estrangeiro do Oscar. Mas o tema deles não é para atrair turistas. Vejamos: Central do Brasil, 1998, dirigido por Walter Salles, trata da miséria urbana e do sertão. É um belo road movie, mas não atrai viajantes curiosos. Tropa de Elite, 2007, é outro. O diretor José Padilha fez um bom filme. Mas ele atrai turistas? E Salve Geral? O diretor Sérgio Rezende filmou a matança que o PCC, uma sigla do crime organizado, teria promovido em São Paulo à véspera das eleições para Presidente da República em 2006. Convenhamos, não é nada atrativo.
O cinema voltado para o turismo tem que ter roteiro especificamente feito para isso. Nada como um galã europeu ou estadunidense que vem conhecer o Pantanal, a Amazônia ou praias nordestinas e conhece aqui uma Camila Pitanga ou uma Gisele Itié. Já pensou? Muitas paisagens, mulheres e homens bonitos e sem mostrar periferia ou violência. Um filme de alegrias. Já se falou em financiar o Wood Allen para fazer aqui algo como Vick, Cristina e Barcelona. Por que não? Essa também é uma boa solução. Melhor financiar um filme desses do que botar dinheiro em escolas de samba do Rio de Janeiro, como têm feito alguns estados nordestinos.

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