sexta-feira, 13 de novembro de 2009

A vez do pobre no avião

No começo do Plano Real, 1994, eu participava de um ciclo de palestras sobre turismo quando um dos participantes, velho agente de viagem, soltou essa: "agora todo mundo quer viajar, como se avião fosse coisa prá pobre". Era o conceito dos agentes nos anos 1970/80. Vender pouco e ganhar muito. Passagens caras e sem concorrência (nos tempos do império da Varig) resultavam num serviço só para quem tinha muito dinheiro. Pois bem. Em 2009, classe média mundialmente achatada e aviação combalida desde 11/09/2001, a aviação brasileira rende-se de vez ao pobre. Primeiro foi a Gol, que rapidinho migrou, em preço, para o padrão TAM. Vieram as pequenas (Trip, Ocean Air) e agora a Azul (Blue Jet) que a partir de Campinas tem feito a festa para segmentos que não podiam ter acesso ao uso do avião. Nessa semana a TAM anunciou seu lucro no último semestre do ano (348 milhões) e elege o alvo para 2010: a classe C que, segundo a empresa, representa 30% dos 30 milhões de passageiros anuais que transporta. Com metas de crescimento entre 5% E 10% em sua receita a partir de público que não viaja de avião a TAM fecha 2009 com 129 aeronaves e muito financiamento para pacotes de viagens. Afinal é uma estratégia de berço no capitalismo: menor margem e maior volume de vendas.

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