quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Dinheiro público em lugares duvidosos

A definição do Brasil para sediar a Copa de 2014 é tema para muita discussão. Esse evento será de fato bom para o país? Os investimentos necessários para receber esse campeonato são prioritários numa ordem de importância social e econômica? Além da boa demanda imediata, no período dos jogos, haverá um longo recall nos países geradores de demanda turística? O Brasil fez um estudo sério sobre vantagens e desvantagens desse evento? Bem, seja como for, o negócio é irreversível. Mas a questão é: quanto dinheiro público vai rolar por esse ralo e qual o retorno disso?
O BNDES já trabalha com linha de crédito para a construção e reforma de hotéis nas cidades que deverão sediar jogos importantes. Um programa especial, o PROCOPA Turismo, foi lançado pelo MIT em janeiro de 2009 e dispõe de 1 bilhão de reais. De acordo com informações do próprio banco publicadas pelos jornais na semana de 18 de novembro 2010, esse valor já está quase todo comprometido e já se cogita outro bi para essa rubrica. Gestores de marcas hoteleiras internacionais e empreendedores independentes têm interesse em fazer novos investimentos e melhorias em hotéis já existentes. A questão é o depois. Haverá demanda para acelerar o retorno desses investimentos?
Outra questão preocupante é o financiamento, pelo BNDES, das reformas e construções de estádios. Quais as garantias reais para esses financiamentos? Os novos modelos de estádios, como grandes centros de eventos multiuso darão o retorno para o pagamento dos financiamentos? É possível que sim, se falarmos de São Paulo, Rio, Curitiba ou porto Alegre. Muitas outras capitais já dão duro para criar demanda para os seus espaços de eventos. E muitos Estados, sobretudo no Nordeste, têm excelentes trabalhos de seus Conventions Bureau. Criar demanda para esses novos espaços não será uma tarefa fácil.
Pode parecer pessimismo. Não é. Aqueles que entrevistaram os organizadores do evento na África do Sul não saíram muito animados com as perspectivas. Vá lá, o Brasil está num estágio bem melhor do que aquele país. Nossas necessidades, contudo, não são muito diferentes. E a distância que nos separa dos grandes centros emissores é a mesma. Com a desvantagem que somos muito maiores e as distâncias a percorrer aqui dentro demandam muito mais tempo e dinheiro. Eis porque, para a Copa 2014, a composição de pacotes de curta duração e boa logística deve ser a prioridade dos empreendedores do turismo doméstico. E boa sorte prá todos nós!

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Pitadas de hospitalidade e turismo


1- Os velhos e charmosos taxis da cidade de Londres, os Cabs, estão com os dias contados. Os cabs são fabricados sob normas específicas desde o começo dos serviços de transporte urbanos individuais no século 20. O seu fabricante é a Austin e eles são o Austin FX4. O seu final está decretado por uma invasão alemã na capital do Reino Unido. É que a Mercedes Benz está forçando a barra para ganhar aquele espaço alegando que os seus modelos são mais modernos e adequados às necessidades dos súditos de sua majestade e seus turistas. É a tal da globalização invadindo o charme e a tradição londrina. É uma intervenção perversa...
2- Curiosidade: Os portugueses tratavam desde a Idade Média (alguns ainda tratam) assim as refeições do dia: pela manhã, a primeira refeição é o Almoço, hoje conhecido como Pequeno Almoço. No final da manhã, no meio do dia, o Jantar. À noite, a refeição tinha o nome de Ceia. Os pães e as carnes frias eram o reforço do almoço logo pela manhã, dando forças para o trabalho duro do dia. À noite, novamente, os pães estavam presentes sob as comidas, embebidos em caldos ou melados com açúcar. E recebiam o nome de Açorda. Pão era também sinônimo de sopa. E a escuna vai, ô pá.
3- A decisão da TAM, da Azul e da Gol de tentar a venda de bilhetes para as classes D e E em PDV diferentes como Supermercados não se constitui novidade. Richard Branson, fundador da Virgin Air foi o primeiro a pensar nessa estratégia lá no final dos anos 1980. Quem me presenteou com o livro com a biografia dele foi meu amigo Luis Trigo e nos anos 1990 tive a chance de falar dele com o saudoso comandante Rolim Amaro que, à época, declarou-se também um fã do Branson. Aliás, Richard Branson é um personagem que merece a atenção de todos os que gostam/querem entender melhor sobre empreendedores que não crescem grudados nas tetas, ou nas pelotas, dos governos e crescem APESAR deles.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

O Brasil do Turismo, de longe e de perto

• A revista alemã Der Spiegel e o jornal inglês The Guardian publicaram matéria sobre um suposto restaurante brasileiro do Estado de Rondônia que serve carne humana e estaria abrindo filial em Berlim. Mesmo tendo sido identificada a fonte, um site hospedado no Reino Unido e escrito em português de Portugal, tamanha besteira encontra eco porque o Brasil ainda é visto como um país, digamos, exótico, pelo povão europeu e norte-americano. Vem aí a Copa 2014...
• Meu filho passou medo na manhã de ontem em plena Avenida Pacaembu, na cidade de São Paulo quando se viu dentro de uma cena absolutamente carioca: um tiroteio na avenida com direito a metralhadora dos assaltantes de um banco e à coragem de policiais que corriam atrás deles com uma simples pistola automática. Ele ficou deitado no banco do carro revendo toda a sua vida num clipe rápido. Vêm aí as Olimpíadas 2016...
• Silvester Stallone pediu desculpas mas não desmentiu sua história de que no Brasil os gringos da indústria do cinema podem explodir tudo, fazer barulho, xingar e ainda recebem agradecimentos e ganham um macaco de brinde. É claro, ele se esqueceu de dizer que se esqueceu também de pagar as produtoras e empresas de segurança locais. O filme o qual ele filmou no Rio de Janeiro algumas cenas de ação é uma produção de 4ª categoria que tenta resgatar o valor dos actions movies que ele defende como “a verdadeira indústria do cinema”. Tem gosto prá tudo e vem aí a Copa de 2014...
• Meu amigo Hélio Higuchi me perguntou se eu fui à Bienal do Livro no Anhembi em agosto passado. Como não fui, ele me perguntou se eu sabia qual era o espaço mais requisitado e com maior fila naquele evento. Editora do Paulo Coelho? Palestra da Lya Luft? Não, nada disso. As grandes filas se formavam nos sanitários femininos. O maior espaço de eventos do país não tem banheiros suficientes para atender à demanda de seus visitantes. Além disso, a qualidade daquelas instalações ainda é duvidosa e mescla o perfil dos anos 1970 com reformas gambiárricas. Vêm aí as Olimpíadas de 2016...
• Resultado de uma duplicação pobre, de traçado antigo, ainda no governo FHC, a Rodovia Fernão Dias foi cedida em concessão pelo governo Lula (que nesse caso não chama de “privatização”) em 2007 para a empresa espanhola OHL, batizada de Auto Pista Fernão Dias e vencedora do leilão para cobrar R$1,00 pelo pedágio. Em agosto de 2010 aquela concessionária ainda não instalou câmaras de vigilância ao longo da rodovia e só agora começa a operar a sua estação de pedágio no primeiro trecho paulista, no município de Mairiporã. O afunilamento de pista naquele local não vai livrar do congestionamento nem mesmo os que têm em seus carros o “Via Fácil” para passagem rápida e débito em conta de seus pedágios. Vem aí a Copa 2014...
Isso tudo só aqui, na cidade de mais recursos no país e seu entorno endinheirado...

terça-feira, 27 de julho de 2010

O (de) crescimento do Turismo

O Banco Central informou que o saldo dos gastos de turistas brasileiros no exterior versus os gastos dos estrangeiros no Brasil resultou num saldo negativo de quase 909 milhões de dólares em junho deste ano. Esses cálculos comparativos foram iniciados em 1947 e, de lá para cá, esse foi o maior déficit mensal já registrado. No semestre o saldo negativo foi de 4,11 bilhões de dólares. Não é pouco. Um montante desses dá para investir em muita infra-estrutura que ajudaria o turismo doméstico e o receptivo para os estrangeiros. Ao invés disso, o que se vê são turistas assaltados, feridos em explosões e outras forma de agressões que nem sempre chegam à imprensa. Nem a Musa da Copa, a boazona paraguaia Larissa Riquelme, foi poupada. O turismo, como a educação, é tratado na superficialidade. Na educação o lulismo criou universidades e não deu a mínima para a educação de base. Nos anos FHC investiu-se muito no Nordeste como o novo Portão de Entrada no país. Mas foi só na forma de financiamentos para a iniciativa privada. A infra-estrutura nem sempre foi lembrada. E o Nordeste é carente de estradas, esgoto, aeroportos, segurança alimentar e segurança pública. Quando se investiu nos aeroportos, já no tempo do lulismo, o fizeram mais nas estações de passageiros, o que está certo, mas se esqueceram das pistas e equipamentos de segurança. Bem, se pensarmos que só agora, de olho na Copa de 2014, a Infraero vai equipar o aeroporto Franco Montoro (Guarulhos) o maior do país, com instrumentos para pouso cego, nos daremos conta do descaso. Dá para acreditar? E por que as Olimpíadas no Rio de Janeiro? Vamos colocar os tanques nas ruas de novo? Haverá um pacto entre o Estado de Direito e o Estado de Facto dos fora da lei? Ou vão chamar o Silvester Stallone? Ele tem uma opinião formada sobre o Rio, que ele acha que é o Brasil... Nada contra as viagens dos brasileiros para o exterior. Viajar nos lapida a mente, nos dá alegria e possibilita comparações. Viajar é educar-se. Mas o Brasil pode atrair mais estrangeiros de perto, da Sudamerica, pelo menos. Visto por operadores estrangeiros como um Long Haul Destination (destino longe dos emissores) o Brasil tem muito a investir, primeiro, em suas condições de receptivo e depois investir em programas de longo prazo e maciços em promoções no exterior. Isso inclui também o cinema como ferramenta de divulgação conforme já tratamos aqui neste espaço. As campanhas para o turismo doméstico, por outro lado, são episódicas. Não se leva a sério essa atividade econômica que gera muito mais empregos por unidade de valor investido do que a indústria de chão de fábrica, por exemplo. União e Estados não dão a mínima para suas infra-estruturas. Minas Gerais, com tantos atrativos turísticos é a campeã em mortes nas estradas. As praias do Nordeste não são acessíveis por terra para os grandes emissores do Sudeste. As estradas são perigosas em todos os sentidos. E nem banheiros decentes têm. O lulismo sempre foi refratário a concessão de rodovias para a iniciativa privada. Fez muito pouco e mal feito. Por outro lado, Estados e prefeituras poderiam investir mais para divulgar seus atrativos, mas não o fazem. Ao redor da cidade de São Paulo, por exemplo, há muito que se visitar, onde comer e divertir-se. Muito mais do que a média das pessoas sabe. Esse turismo doméstico é que deve (precisa) crescer. As cidades de vocação turística têm que se repaginar, pensar criativamente e investir. É a melhor maneira de trazer para os seus cofres o saldo dos turistas que viajaram para o exterior.

domingo, 18 de julho de 2010

Modo de Vida

O Estadão de domingo, 18/07/2010 trouxe matéria sobre o consumo de marcas de vestuário no interior e cita cidades como Jundiai, Ribeirão, Araçatuba e SJ do Rio Preto.
Trata-se de uma constatação sobre um estilo de vida dos segmentos de alta renda dessas cidades que vêm, com o tempo, se moldando ao processo "globalizante" da informação e do consumo.
Esses segmentos com alto poder de compra sempre foram bons consumidores e viajantes, sobretudo nos tempos em que esse tipo de consumo era coisa para privilegiados uma vez que não havia crediário para bilhetes aéreos e passeios pelo exterior. A moda feminina nessas cidades, que tinham na pecuária e agricultura o cerne de suas economias, sempre foi atualizada. Isso acontecia já nos anos 1960/70 do século passado através das compras que esses segmentos faziam pessoalmente nas boutiques da então famosa Rua Augusta ou nas congêneres do Rio de Janeiro. Senhoras das sociedades locais que tinham prestígio montavam suas boutiques no interior trazendo essas novidades para aqueles que frequentavam os ambientes tidos como chiques nas suas cidades e que não dispunham de tempo e recursos para comprar em Copacabana no Leblon ou Augusta, suas próprias roupas. E ainda vendiam a prazo, o que facilitava a inclusão da pequena classe média no mundo dos pecuaristas endinheirados. Era o tempo de festas de debutantes.
Os anos 1990 ganharam a abertura dos portos e as senhoras das boutiques, em São Paulo ou no interior, puderam utilizar seus cartões de crédito no exterior, dividir seus bilhetes em dez pagamentos e aprenderam a ser sacoleiras de luxo em NYC ou nos Mall da Flórida. Viajam com uma pequena bagagem de mão e na volta vendem até as malas que abrigam suas compras. Globalizamos a moda via sacolas.
De há muito as cidades interioranas têm a sede de imitar as grandes metrópoles. Começaram erguendo edifícios verticais em cidades onde o valor dos terrenos era baixíssimo e permitia belas construções horizontais. Depois vieram os calçadões, a sede pelas lojas de departamentos, hoje traduzidas em Casas Bahia e outras do gênero. No ano 2000 os condomínios fechados, ruas especializadas em comércio e Shopping Centers fecharam o ciclo da "cara de cidade grande".
Diferente das cidades próximas a São Paulo e Campinas (Valinhos, Vinhedo, Sumaré, Atibaia, Bragança Paulista, Itatiba e Indaiatuba) que tiveram sua expansão urbana através de condomínios fechados e cuja característica dos moradores é a de stay at home people entendido como aquele morador que não sai de casa porque tem de tudo lá (home theater, quadra, piscina, churrasqueira etc.), os moradores de cidades como São José do Rio Preto, Presidente Prudente e Araçatuba, são frequentadores de seus bares e festas porque pertencem a uma sociedade mais ativa e de raízes com mais de meio século nas suas comunidades. Naquelas cidades todos sabem de tudo sobre todos. E se frequentam. Já os stay at home que estão perto dos grandes centros são vizinhos recentes, pouco se falam e, pior, na sua maioria, fazem um trajeto diário cansativo entre São Paulo e/ou Campinas e região e suas casas. A moda e o lazer estão mais fáceis e acessíveis para esses stay at home, cerca de 50 minutos do Iguatemi de São Paulo ou 20 minutos do mesmo Shopping em Campinas.
O dinheiro nessas cidades mais distantes da capital e ligadas à economia do setor primário fica na ponta da pírâmide, mas não é pouco. E a comodidade de obter os produtos de sonho de consumo das mãos de uma conhecida sem passar pelo trânsito, pelos demais riscos e ser atendida com tratamento pelo primeiro nome ou apelido, faz com que essas mulheres do interior promovam um comércio que para muitos pode parecer arriscado. Mas pode não ser, como mostra a matéria no arquivo anexo. Afinal, Kotler sempre disse que, mais do que satisfazer as necessidades do cliente, é preciso encantá-lo. Essa clientela, com certeza, está encantada.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Turismo, empresas e pobreza

Já tratei do tema em palestras, artigos e no meu blog http://jruyveloso.zip.net. Todavia todos os dias me deparo com novos dados sobre de como as grandes empresas vêm agindo nos países pobres buscando novos nichos de mercado que compensem a perda do poder de compra e a fúria da concorrência nos países mais ricos. É dessa forma que alguns investimentos têm sido feitos em países como Indonésia e Bangladesh que acabam se convertendo em empreendimentos de enclave, sem contato com a realidade local, gerando poucos empregos e surfando no turismo sexual com meninos e meninas na faixa dos 14 anos. Um amigo que viajou por essas bandas em 2008 me relatou a exposição até “refinada” de “lady boys”, travestis transformados em meninas já a partir dos 7 anos de idade. E cobram “caro” pelos seus favores sexuais, cerca de US$10... Como resultado as famílias querem transformar seus meninos em “meninas” para vendê-los aos visitantes europeus. Mas essa é uma face do turismo na pobreza destinado a baixa renda do mundo mais desenvolvido. A principal clientela desses resorts é de operários europeus e estadunidenses, os “blue collar”. Agora, além desse tipo de investimento, a indústria de bens de consumo entra pesado no mercado dos pobres. Tentam vender, por exemplo, xampu, cremes faciais e até tênis por preços nunca vistos. A Adidas quer oferecer para os bengaleses que andam descalços um tênis simples por 1 Euro ((R$2,20). A Danone, pressionada na Europa e América do Norte, onde faturou em 2006 US$3,6 bilhões, corre para desenvolver produtos de baixo preço e ganhar no volume de vendas nessas regiões pobres. Com dificuldades de custos no Senegal, onde o leite custa caro e as vacas produzem pouco (3 litros/dia versus 50 litros/dia na França), o desafio é vender iogurte para uma população que gasta em média R$2,00 por dia em comida. O recurso tem sido importar leite em pó barato. O resultado? Quem sabe... Nos anos 1970, quando os primeiros Danone chegaram ao mercado brasileiro a coisa era diferente: densidade e sabor de qualidade com pedaços de frutas como a pêra ou a ameixa. Foram bons e curtos tempos. Hoje o padrão de iogurtes que povoam as gôndolas frias são quase padronizados. E se um laticínio desses regionais tenta colocar no mercado algo melhor é abatido nos PDV pela força econômica dos grandes concorrentes. A questão é que, além (ou pior) do que o turismo sexual ou de exploração de mão-de-obra e etecétera e tal, a indústria avança sobre a pobreza com sofreguidão. Tudo mais ou menos como o clima de “O jardineiro fiel” livro de John Le Carré que virou filme dirigido pelo brasileiro Fernando Meirelles e que vale a pena ver e rever. Para encerrar: um colega meu trabalhou na implantação e desenvolvimento de hospital num país africano. Ganhava bom dinheiro embora viajasse muito. Na última vez que nos encontramos ele me explicou porque saiu daquele trabalho: “os caras começaram a comprar remédios “genéricos” feitos ou embalados no porto de Roterdã, de origem absolutamente duvidosa e que lhes dá um lucro abissal. Não preciso de ganhar dinheiro assim. Sai do negócio.” É assim que o mundo rico trabalha o mundo pobre...

terça-feira, 8 de junho de 2010

Hotéis: cai o luxo

Deu no The Wall Street Journal (via Valor): a rede Four Seasons Hotels & Resorts vai reduzir custos nos seus luxuosos hotéis. Na verdade a pressão vem dos proprietários dos imóveis que têm a marca contratada já que a FSH&R não possui mais hotéis desde que começou a vendê-los nos anos 1980. Hoje são 82 hotéis no mundo sustentando essa cara marca criada em 1961 pelo fundador da rede Isadore Sharp. Em 2009 a taxa de ocupação desses hotéis teria ficado em 57% e a receita por quarto disponível caído 26%. Com uma diária média de US$400, boa parte dos estabelecimentos que ostentam a marca não consegue um bom GOP. Discussões e tensões entre estabelecimentos e marcas administradoras são comuns e depois da crise de 2008, ficaram mais freqüentes. A Four Seasons tem um padrão de luxo como flores frescas todos os dias nos vasos das áreas comuns e nas UH e camareiras que repassam as unidades a cada saída do hóspede independente da arrumação diária. Pois esse luxo vem sendo considerado desnecessário pelos proprietários e acionistas e hoje a rede diminui seu quadro de pessoal dando aos que ficam um treinamento para polivalência e flexibilidade em sua atuação, uma receita de há muito conhecida em toda a indústria hoteleira. A Four Seasons tem hoje novos donos e o fundador, embora seja o Chairman, tem apenas 10% dos negócios. O restante é dividido entre o príncipe saudita Alwaleed Bin Talal que detém 45% e a Cascade Investiment LLC, que pertence a Bill Gates, conforme já tratamos aqui neste Blog. O uso da marca e o modelo de gestão dão a Four Seasons uma taxa aproximada de 3,5% da receita dos hotéis e o valor dos 45% do príncipe saudita foi anunciado à época (2006) em 3,7 bilhões.