Natal de 2011. Já fez um ano da aparição de sucesso da cantora Paula Fernandes no show de Roberto Carlos na praia de Copacabana, transmitido, ao vivo, pela rede Globo. Isso foi em dezembro de 2010. À época, escrevi aqui neste Blog, sobre o custo daquela exposição bem sucedida para os promotores do espetáculo do “Rei”. Mas quem quer que tenha conseguido aquela cunha no show, sabia o que estava fazendo.
Paula Fernandes foi a artista do mundo dos sertanejos (há quem diga, e não são poucos, que ela não é do estilo sertanejo de verdade) que mais vendeu discos em 2011. Depois de Luan Santana ela foi a mais solicitada na agenda de shows pelo país. No mês de outubro ela estava em primeiro lugar nas paradas de Portugal e foi a que mais vendeu CDs, ficando em segundo lugar na venda de DVDs. Mas porque volto a Paula Fernandes?
Voltemos mais. Em 2005, procurei amigos como Francisco Alberto Madia e Alberto Quartim de Moraes com um projeto editorial de biografia autorizada da dupla Sandy e Júnior. À época eles continuavam juntos num lance de sobrevida para artistas mirim cuja vida útil, regra geral, vai até os dezenove anos. Sandy já tinha então vinte e dois anos. Minha idéia era contar a trajetória da dupla debaixo das asas de seus pais e a fortuna próxima a trinta milhões de dólares que cada um acumulava então. Ao tempo em que pretendia mostrar suas vidas, questionaria esse sucesso na perspectiva do trabalho infantil e o quanto isso poderia ter afetado positiva ou negativamente esses atores do showbiz. No meio da prospecção que eu fazia, alguém me alertou para o fato de que, se eles quisessem de fato uma biografia poderiam ter alguém famoso escrevendo, ou assinando, um livro que contasse a sua história. Desisti.
Mas hoje, olhando esse mercado, minha tese é a de que Sandy não aproveitou bem a sua onda de sucesso. Melhor dizendo, não focou um público para sua carreira solo, se é que isso ainda lhe importa nessa “trilha Cely Capello”, na qual ela se casa e vai deixando de lado a carreira artística. Ela pode. Tem dinheiro e trabalhou honestamente para amealhar. Mas, do ponto de vista de sua carreira, qual é mesmo o foco? Sandy já apareceu cantando de tudo e lançou um disco solo pouco definido. É mais conhecida por seu comportamento “virgem” do que por sua interpretação.
Já Paula Fernandes é um fenômeno interessante. Catapultada no show de Roberto Carlos ela não parou mais. Faz em média três shows por semana, mostra um corpo torneado e pernas bonitas (também foi considerada uma das mais mal vestidas do ano) e agrada seu público sem os pulos do pessoal do axé e sem pagode. Ela se apresenta com cenários e um clima de Nashville, tem a voz entre romântica e sensual, não abre mão do violão para seu braço canhoto e declara-se solteira sem aparecer nas revistas de celebridades aos beijos com outros personagens de seu universo. Segue focada em sua carreira e tem uma imagem responsável.
Se tirarmos as duas primeiras frases do período anterior, poderíamos dizer que o comentário diz respeito á carreira de Sandy. Mas é diferente, e para melhor. Fernandes demonstra mais firmeza profissional e parece melhor definir seu próprio destino. A diferença está no DNA. Enquanto Sandy e seu irmão foram absolutamente monitorados desde os quatro anos de idade, Paula teve que começar ralando. Enquanto a beleza de Sandy é distante e apagada, a de Paula Fernandes é presente, sem ser agressiva, e sensual. Para todos os gostos.
Finalmente, como vimos, Fernandes tem seu público definido e pode ampliá-lo, enquanto Sandy ainda segue tateando na grande arena do showbiz.
Do ponto de vista do posicionamento dos produtos e serviços, sabemos que a definição dos atributos ajuda a melhor definir o público alvo e as estratégias para conquistá-lo. Sandy parece ter muitos atributos. Resta saber se eles são claros para o público que ela almeja.
Para arrematar essa matéria, li nos jornais que Paula Fernandes vai substituir Sandy na propaganda da cerveja Devassa. Quer mais sintomático do que isso?
Feliz 2012!
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