A American Airlines pediu concordata. É assim. Outro dia o nosso paradigma hoteleiro dos anos 1970, o Maksoud, foi leiloado. Parece ser um sinal dos tempos nos negócios da hospitalidade e do turismo. Há vinte anos passados foi a vez da Pan American World Airways, mais conhecida como Pan Am. A Pan Am, fez em 1927 um vôo inaugural entre Key West e Havana, em Cuba. Uma ironia. Hoje, depois de muitas ações e reações quase heróicas ou de má administração, a depender de quem fala, a marca Pan Am está limitada a uma oficina de reparos em Portsmouth, New Hampshire e tenta resgatar sua marca para negociá-la em diferentes produtos.
Já a American Airlines, AA, que aportou no Brasil na esteira da falência total da Pan Am, está numa fase intermediária: pediu concordata voluntariamente e não pretende parar com os seus serviços. Mas é triste, de qualquer forma, ver grandes empresas que tiveram grandes períodos empregando muitas pessoas e aproximando outras tantas, correr o risco de parar. Enquanto a Pan Am, numa situação parecida com a Varig, começou a despencar com a desregulamentação da aviação civil nos EUA, a AA, começou a enfrentar problemas a partir do atentado de 11/9/01.
Nos primeiros três anos após a tragédia no World Trade Center, a aviação do mundo sentiu na pele o medo da sociedade em relação ao terrorismo. A demanda caiu e mesmo quando a suposta normalidade voltou, a situação nunca mais foi a mesma. A baixa demanda, a concorrência interna e externa e, sobretudo o preço dos combustíveis, foram fatores que iniciaram a corrosão da AA pelas bordas. E então chegaram à concordata. Mas não se trata de um gigante fácil de ser abatido. A empresa atua em mais de 260 aeroportos em 50 países e faz cerca de 3.300 vôos diários.
Lembro-me que no começo dos anos 1990, indo para os EUA e viajando lá dentro, eu achava imbatível aquela companhia. E a American Eagle? É a empresa regional da AA que, operando com aeronaves menores, atende as cidades do interior do país. Eu achei aquilo, lá dentro, muito bom e organizado. Eram melhores do que a US Air. Uma potência enfim. Mas, nem três anos completos depois, quando o Plano Real fez crescer a demanda de brasileiros para os EUA, a AA mostrou sua face para os latinos. Os aparelhos escalados para o Brasil e outros países da AL não eram os mais conservados da empresa. Não era incomum, da mesma forma, nas rotas para os países abaixo do Equador, que passageiros ficassem enjaulados dentro das aeronaves a espera de tripulação que estava atrasada ou qualquer outra razão de ordem interna da companhia. Não era, em suma, um padrão de sonho da 5ª Avenida. Como será o desempenho da empresa, nesses países, em sua fase concordatária?
Outro tema que merece uma reflexão é a navegação de cabotagem e suas pirâmides flutuantes que carregam a classe média brasileira em pacotes de quatro dias nos verões brasileiros. Lá no começo dos anos 1990, muitos hoteleiros e municípios se manifestavam contra a aprovação desse tipo de navegação com medo da queda da demanda nos hotéis e nas praias das estâncias balneárias. Tudo bobagem.
O que nos ameaça hoje são dois fatores: a carga turística nos pontos de parada desses navios e os supostos descuidos sanitários gerados pelo baixo custo dos pacotes em águas brasileiras. Um assunto para outra postagem.
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