O Ministério do Turismo publicou portaria estabelecendo sete categorias para definir o padrão dos hotéis: Hotel; Resort; Hotel Fazenda; Cama e Café; Hotel Histórico; Pousada e Flat. O governo pretende classificar seis mil deles. O que quer dizer isso? Quer dizer que, de olho nos eventos de 2014 e 2016, o país vai tentar, uma vez mais, diferenciar qualidade por decreto. Sempre se tentou isso, desde os anos 1970. Em vão.
Não deu certo por inúmeras razões, mas, para ficar em duas delas, podemos lembrar que havia exigências demais (como sempre no Brasil nada é esquecido na Lei. Já na prática...) e fiscalização de menos. Até que um dia, já no final dos anos 80, definiu-se, por absoluto abandono do assunto, que a classificação poderia ser feita através de associações corporativas, o que também não vingou. Então ficamos assim. Sem nada. Sim, porque houve momentos para tudo, inclusive o credenciamento dos profissionais que poderiam fazer a análise do estabelecimento para classificá-lo e também supervisioná-lo, sem prévio aviso, visando manter a classificação. Nada também.
O fato é que hotéis, como outros negócios de prestação de serviços, são definidos pelo que oferecem e pelos que o compram. É assim que funciona a grande arena do mercado. Não existem milagres.
É óbvio que um modelo internacional de classificação nos ajuda saber o que vamos encontrar naquele estabelecimento e por volta de quanto vamos pagar. Mas o benefício pára por aí. Ao longo do tempo ouvi de muitos proprietários e gestores queixas sobre as exigências que acabavam descumpridas por absoluta falta de demanda: telefonista bilíngüe, Coffee shop separado do salão de restaurante e outros detalhes de instalações ou serviços que nem sempre se mostram viáveis em algumas regiões.
Nessa segunda década do ano dois mil os hotéis brasileiros vão bem. Os conceitos importados com as bandeiras estrangeiras arejaram a hotelaria familiar. Mas ainda há muito por fazer. Alguns preços praticados continuam altos na relação custo/benefício. A qualidade dos serviços é sempre uma interrogação, quanto mais nos distanciamos das regiões Sudeste e Sul. Marcas novas no mercado foram ganhando notoriedade e boa demanda. O brasileiro aprendeu a comprar serviços mais baratos com menos “suposto luxo” e mais comodidade e conforto honesto. É uma lei de mercado: preferimos pagar só por aquilo que vamos realmente usufruir. E assim os hotéis econômicos ganharam espaço. E são irreversíveis.
Os resorts também têm o seu espaço, depois que as tarifas aéreas ficaram competitivas. E terão ainda maior demanda à medida que o Governo Federal for concedendo a gestão das estradas federais à iniciativa privada. Depois dos aeroportos, e marcando a gestão “mais aberta” de Dilma, as estradas serão concedidas rapidamente, acredito.
Mas o que importa mesmo para o contribuinte e para o turista é que eles tenham um serviço decente pelo preço que podem pagar. Mesmo quando podem pagar muito. Com exceção de novos ricos que gostam de mostrar que ficam nos hotéis caríssimos no eixo Rio/São Paulo, aqueles que conhecem a hotelaria internacional e o valor de seu dinheiro, fazem opções mais modestas quando sabem que o serviço pode ser mais garantido e, portanto, confiável.
O maior percentual de visitantes estrangeiros nos eventos próximos tem interesse em viajar e conhecer o interior do país ou seus atrativos mais famosos. Certamente não virão atrás de hotéis caros e luxuosos. Estradas e aeroportos serão muito mais importantes para eles.
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