quarta-feira, 3 de março de 2010

GANÂNCIA

A estabilidade econômica gerada pelo Plano Real há quinze anos atrás mostrou aos empreendedores brasileiros que é possível um ganho em escala também em nosso país. Acostumados com os ganhos da inflação, muitas empresas vendiam pouco por muito e para poucos. Assim era sobretudo com os serviços da aviação civil e os pacotes de turismo. O crescimento vertiginoso da inflação não permitia o uso de cartões de crédito e muito menos vendas a prazo. As mudanças que vieram com a estabilidade favoreceram uma “inclusão aérea e turística”. Nos últimos cinco anos essa inclusão começou a chegar também às classes D e E, com bons preços de bilhetes para viagens de avião a longo prazo, gerado pela concorrência entre as empresas. Levadas pelo otimismo com a demanda, essas mesmas empresas já se mostram gananciosas. A “6ª Pesquisa Anual de Conjuntura Econômica do Turismo” realizada pelo Ministério do Turismo em parceria com a FGV mostrou que as empresas do setor de aviação pretendem reajustar as tarifas em 9,2% em relação a 2009. A explicação é a de que no ano passado os preços do segmento caíram 4,1%. É curiosa essa reação uma vez que o aumento da demanda pode ter acontecido exatamente pela queda de preços gerada pela concorrência. Para atenuar essa posição o setor acena com um aumento da empregabilidade por volta de 4,9%. E daí?

segunda-feira, 1 de março de 2010

O mundo da Alimentação

No começo dos anos 1990 eu participava, em Washington DC, de um evento Latino americano de educação em hospitalidade quando um dos participantes nos convidou para visitar o Departamento de Comércio dos EUA para entender sobre as tendências da área de serviços e do turismo. Foi surpreendente o pequeno número de técnicos que eram responsáveis pela coleta de informações e pesquisas daquele departamento de Estado. Eles contavam com pesquisas de universidades e serviços terceirizados. O que me marcou da visita foi a tendência de crescimento para o setor de alimentação previsto para a próxima década: cerca de 80%, no mundo. A senhora que nos atendia ainda brincou com a situação: “80% de qualquer coisa é muita coisa”. Desde então a proliferação de praças de alimentação, restaurantes e serviços de entrega de comida pronta em escritórios e residências foi estonteante. Tomemos por base a cidade de São Paulo. O que tínhamos em 1990 e o que temos hoje? Segundo pesquisa da Associação Brasileira da Indústria de Alimentação (ABIA) comer fora de casa no Brasil gerou o movimento de R$58 bilhões em 2009 e deve crescer mais 10% neste ano de 2010. Outra pesquisa, da GFK Brasil, mostra que 51% da população come fora de casa com regularidade sendo que 23% fazem isso todos os dias, incluindo os finais de semana. A pesquisa mostra ainda que o gasto semanal per capita no Brasil é de R$67,13 no almoço e R$76,77 no jantar. Esses números tendem a um crescimento maior, ainda não estimado, por conta dos dois grandes eventos que o país vai hospedar em 2014 e 2016, a Copa do Mundo e as Olimpíadas, respectivamente. Certamente, vinte anos depois da previsão do Departamento de Comércio estadunidense, o setor possivelmente tenha crescido mais de 80%. E 80% de qualquer coisa, são mesmo muita coisa...

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

A Copa 2014 e a Mão de Obra para a Hotelaria

Órgãos governamentais e entidades corporativas ligadas ao turismo costumam apontar a falta de mão de obra qualificada sempre que tratam do crescimento dessa atividade econômica no Brasil. Nos últimos meses, por conta dos dois grandes eventos programados para os próximos anos, a Copa 2014 e as Olimpíadas 2016, essas instituições têm pregado e cobrado com insistência uma solução para a questão. A rigor, se tomarmos como base os cursos oferecidos no país para a formação de bacharéis e tecnólogos em turismo e em hotelaria, não haveria o que reclamar. A oferta desses cursos teve um brutal crescimento nos últimos quinze anos. Nos últimos cinco anos, no entanto, o fechamento de cursos aconteceu com a mesma rapidez, por absoluta falta de demanda. Para quem acompanha o mercado isso não se constitui novidade. Era de se esperar. Nesse curto espaço, aponto três questões que são fundamentais para a análise desse cenário. A primeira diz respeito à qualidade dos cursos oferecidos. Boa parte deles carece de maior seriedade e surgiu numa bolha de oportunidades em meados dos anos 1990. A segunda é com relação à expectativa e a frustração que o egresso desses cursos tem com relação ao mercado e aos ganhos oferecidos por ele que não são nada atrativos. É possível que mais de setenta por cento dos formados em turismo ou em hotelaria nos últimos dez anos estejam atuando em outras áreas do mercado. Finalmente a terceira, diretamente ligada à primeira, é a sutil diferença que sempre fiz entre “Escolas de Hotelaria” (ou turismo) e “Cursos de Hotelaria”. As primeiras, como a de Geraldo Castelli, Senac (em todo o Brasil) Universidade Caxias do Sul, Univali, Anhembi, PUCamp e FMU, são aquelas que mantêm uma cultura voltada para essa área, investindo em seus profissionais e mantendo estudos e publicações a respeito. Já os “cursos” são apenas mais um serviço educacional pendurado em instituições que oferecem grande leque de programas e não têm para com a hotelaria ou o turismo uma dedicação maior. Pode parecer um viés corporativo. Mas não é. Longe disso, a questão é que esses campos do saber exigem de seus aprendizes um aprofundamento tanto operacional quanto de gestão. Hoje a indústria hoteleira espera de seus profissionais uma larga competência na gestão financeira e que eles sejam capazes de se constituir em asset managers. Espera-se deles também que dominem outro idioma além do português, o que é uma grande dificuldade pois nem cinco por cento dos estudantes desses cursos têm algum domínio de outro idioma. Já do ponto de vista a mão-de-obra da base da pirâmide é uma questão de políticas individuais de cada rede que deve qualificar seus empregados. Os profissionais com curso superior nessas áreas devem funcionar como agentes multiplicadores para o pessoal de base. Enfim, a muito que se discutir sobre o tema...

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

BNDES & Copa 2014 = Hotéis com $

BNDES & Copa 2014 = Hotéis com $ para a modernização
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social –BNDES- criou programas especiais para fomentar os investimentos em hotelaria visando a Copa de 2014 no Brasil. Sob o título de BNDES Prócopa Turismo, o banco oferece recursos com prazos de amortização em até 12 anos para a remodelação/modernização das UH existentes e até 18 anos para a construção de novas UH. Os projetos que levarem em conta a preocupação com o meio ambiente, traduzida em maior eficiência energética e sustentabilidade ambiental e que tenham certificação de alguma organização creditada pelo INMETRO, poderão obter um ganho no prazo de até 10 anos. No caso da construção de novas UH o prazo poderá chegar a 15 anos (18 no máximo). Essa preocupação ambiental contempla, além da eficiência energética a racionalização do uso da água e a gestão de resíduos. Nas operações diretas, os juros do programa variam entre 6,9% (micro, pequena e média empresa) e até 8,8% (grande empresa), mais o spread de risco. Para se candidatar aos recursos do programa, os proponentes devem encaminhar seus pedidos até 31/12/2012.
É uma boa oportunidade para os hoteleiros independentes adaptarem seus estabelecimentos para uma marca internacional. A conferir

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Milionários na contra mão

Deu no Wall Street Journal: milionários que se aventuraram investindo em hotéis de luxo levaram a pior. Entre esses big shot está o fundador da Dell Inc. Michael Dell. Ele associou-se, em 2006, à Rockpoint Capital LLC para adquirir o Four Seasons Hualalai, no Havaí. O fluxo do caixa do hotel de 243 UHs caiu de 20,6 milhões de dólares para US$7,9 milhões com uma queda na taxa de ocupação de 33 pontos ficando em 54% tx occ. Bill Gates, quem diria, também parece ter levado a pior em sua experiência na área de hospitalidade. Em 2007 a empresa de Gates juntou-se ao príncipe Saudita Alwaleed Bin Talal e adquiriu o Four Seasons Hotels & Resorts, uma marca que administra 82 hotéis de luxo pela bagatela de US$3,4 bilhões. A empresa contabiliza uma queda de 25% em sua taxa de ocupação e ainda por cima o investimento no Terranea Resort, em Palos Verdes, Califórnia, está sob ação judicial porque deixou de pagar o empréstimo logo após a inauguração, em julho deste ano. Esse empreendimento tem 582 UHs e sua dívida é de US$110 milhões. Esses milionários parecem não ter se dado conta de que as grandes marcas de hotéis vêm vendendo seu patrimônio há uns dez anos e se firmando na venda da marca e serviços de gestão. (by Valor Econômico)

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Aviação decolando

Como aquele bichinho dos primórdios do vídeo game a WebJet, Azul e Oceanair foram comendo as fatias de mercado da TAM e da Gol entre 2008 e 2009, de acordo com dados da Anac. Essas três empresas acumularam, entre janeiro e novembro, 10,61 de participação no share das aéreas nacionais o que representa o dobro de seu mercado em 2008. Já a TAM caiu de 50,53% para 45,9% e a Gol de 42,3% para 42,31% no mesmo período. Isso representa um aumento de 38, 3,% na demanda por vôos domésticos em comparação com 2008. E isso não aconteceu por acaso. O que ocorreu foi a boa e velha concorrência alicerçada na descoberta de novos nichos que incluem segmentos de público e rotas alternativas. A Azul mantém ônibus para pegar passageiros em São Paulo e na região administrativa de Campinas com seus vôos de baixo preço saindo de Viracopos. Já a WebJet concorre mais de perto com a TAM, operando em Cumbica com baixas tarifas parceladas a longo prazo. A Oceanair atende destinos que por demanda menor foram ignorados pela TAM e Gol e que a companhia viabiliza através de escalas e tarifas em longo prazo. Para quem viu o atraso (e o prejuízo) que a Varig causou ao turismo nacional durante o tempo em que dominou sozinha e nababescamente o mercado da aviação civil brasileira essas notícias representam um avanço abissal.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Gas Station Brasil


Desde os primórdios da história os serviços de abastecimento ao viajor já existiam. Famílias serviam refeições para os viajantes, água e alimento para os seus animais. Esses serviços evoluiram com o tempo, óbviamente. Com a chegada do automóvel eles ganharam fôlego vendendo gasolina e, no meio do século vinte, agregaram valor ampliando para alimentação, conveniência, hospedagem etc. Os EUA, grande incentivador do transporte individual, fez disso quase uma regra, concentrando nos entrocamentos rodoviários diversos serviços para os viajantes. No mundo já informatizado, essas estações de gasolina se transformaram em mini centros de compras e serviços, incluindo aí os caixas eletrônicos. Nas cidades brasileiras é possível encontrar algo para comer, tomar ou comprar a qualquer hora da noite numa loja de conveniência de um posto de gasolina. Há dez anos começaram a surgir, tanto nas vias urbanas como nas rodovias, centros que oferecem farmárcia, banca de jornais, caixas eletrônicos, salão de beleza, pet shop, restaurantes e lanchonetes. Nas rodovias os banheiros desses postos oferecem fraldário e são absolutamente corretos na higiene. Já os cardápios podem aqui e ali merecer reparos. São equipamentos de hospitalidade e serviços que atendem também ao turismo. A grande diferença entre o Brasil e os EUA, é que aqui se vende bebida com alcool nesses PDV, o que é proibido. E as autoridade não fiscalizam. Uma tragédia...